Zootecnista pela UENF – Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro.
O primeiro semestre chegou ao fim e o pecuarista não vai sentir saudades. O período foi marcado por considerável pressão de baixa para os preços do boi gordo.
Segundo levantamento da Scot Consultoria, na comparação entre as médias de janeiro e de junho deste ano, o recuo foi de 6,0%.
Mas não foi só para o boi gordo. A reposição também teve os preços achatados, reflexo de uma oferta mais volumosa e da conjuntura negativa para o preço dos animais terminados.
Fizemos um resumo do semestre, através dos resultados observados em janeiro e em junho deste ano e da comparação entre as médias dos primeiros semestres de 2011 e de 2012.
É notável a maior queda de preço das fêmeas terminadas em relação aos machos. Enquanto a cotação da arroba do boi gordo caiu 6,0% no semestre, a cotação da vaca gorda teve queda de 8,9%.
Dessa forma, o diferencial vaca-boi se alongou. Passou de -6,1% em janeiro para -9,0% em junho.
A cotação do boi magro e do bezerro caíram 2,0% e 5,2%, respectivamente.
Enquanto isso, no mesmo período, o índice de custo de produção calculado pela Scot Consultoria subiu 2,5% e a inflação, medida pelo IGP-DI, 3,6%.
Em resumo, foi um semestre de pressão sobre as margens da atividade pecuária.
Queda também em relação a 2011
O resultado foi de queda não só no último semestre, mas também na comparação entre os primeiros semestres de 2011 e 2012. Colocamos este comparativo, que consta na tabela 1, também graficamente na figura 1, para facilitar a visualização.
Na comparação anual, fica ainda mais evidente o momento negativo de preços. E mais uma vez, os custos e a inflação não dão trégua.
O recente balanço dos abates de bovinos no primeiro trimestre, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, mostrou aumento da participação de fêmeas no abate.
Segundo o IBGE, as fêmeas compuseram 45,5% dos bovinos abatidos sob algum tipo de inspeção no primeiro trimestre de 2012.
Normalmente este é um período de maior abate de fêmeas, devido ao descarte das vacas que não emprenharam na estação de monta.
Mas mesmo na comparação com o mesmo intervalo no ano passado ocorreu aumento na participação de fêmeas nos abates. Em 2011 esta participação foi de 43,5%, dois pontos percentuais menor.
Foi o segundo aumento consecutivo. Isto corrobora com o cenário de oferta maior de animais para abate e de preços em queda que tem sido observado.
O bezerro perdeu a força de alta observada nos anos anteriores, o que torna cada vez mais caro e desestimulante a retenção das matrizes.
E o próximo?
Neste momento, sob qualquer ponto de vista, fica difícil ser otimista para o mercado do boi no futuro próximo.
A expectativa é de devemos ter recuperação de preços no segundo semestre, corrigindo a queda de preço do primeiro.
Mas afirmar que o preço médio de julho a dezembro será maior do que o registrado no primeiro semestre, como ocorre historicamente, carrega consigo um alto grau de incerteza.
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