O setor de grãos está animado. Não apenas os produtores, mas também as revendas e empresas de insumos, que trabalham com a expectativa de que a rolagem das dívidas seja encerrada neste ano.
Alguns fatores estruturais e conjunturais permanecem negativos, como a eterna condição decrépita das estradas e rodovias e o real valorizado, que ronda o patamar dos R$2,00 a R$2,10/ US$1,00 há meses.
Entretanto, a perspectiva favorável do mercado de biocombustíveis, com previsão de demanda aquecida pela soja no Brasil e pelo milho nos Estados Unidos, ambos entre os mercados mais importantes para esses grãos, deve ser fator de sustentação dos preços na safra 2007/08 e, quem sabe, além.
O incentivo do uso da agroenergia atinge os mais longínquos mercados. O governo neozelandês, por exemplo, divulgou que o diesel e a gasolina comercializados no país devem conter 3,4% de combustíveis renováveis.
Diante de um cenário promissor, as estimativas de recuperação da receita do produtor são otimistas. De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), que prevê uma safra de soja de 56,4 milhões de toneladas e de milho de 47,9 milhões de toneladas, seriam injetados na economia brasileira R$35 bilhões, quase 54% acima da safra anterior.
Da produção de grãos do País, soja e milho representam 82% e, frente à demanda externa aquecida, as exportações podem faturar US$7 bilhões. Nos últimos 12 meses, segundo notícia veiculada na Folha de São Paulo, as remessas externas do complexo soja permaneceram em primeiro lugar, com faturamento de US$9,2 bilhões, na frente das exportações de carnes e do setor sucroalcooleiro.
Mas, existem incertezas. A previsão é de uma safrinha de milho recorde, de aproximadamente 10,6 milhões de toneladas e, diante dessa estimativa de aumento de produção, estima-se que haverá um déficit de 40% na capacidade de armazenagem.
Ou seja, do total produzido na safrinha de milho, pouco mais de 4 milhões de toneladas não terão opção de armazenagem, sendo necessária sua comercialização direta, o que prejudica as negociações quanto aos preços apurados.
Tirando os fantasmas que rondam o agronegócio brasileiro, 2007 deve ser um ano promissor.