As exportações de soja brasileira para a China aumentaram significativamente no início de 2006.
A importação chinesa de soja argentina e brasileira aumentou 162,40% de setembro de 2005 até fevereiro de 2006, quando comparada ao mesmo período do ano anterior.
Somente em dezembro, as exportações de soja brasileira para a China aumentaram 8.645%. Saíram de 3,90 mil toneladas em dezembro de 2004 para 341,06 mil toneladas no mesmo período de 2005.
O aumento das exportações de países da América do Sul para a China foi conseqüência do espaço deixado pelos Estados Unidos, que exportaram menos ao país asiático.
Em meados de 2004 a China decretou nova regulamentação sanitária para a importação de soja. O decreto ampliou a validade das licenças de inspeção de quarentena da China de três para seis meses, e passou a exigir quarentena para todos os contratos de importação do grão.
Os Estados Unidos não ficaram satisfeitos, mas tiveram que aceitar.
O decreto chinês, responsável pela diminuição da exportação do grão norte-americano e aumento das vendas brasileiras e argentinas, parece ter vindo como resposta à proibição da importação americana de frango chinês. Outro embate comercial.
Enquanto China e Estados Unidos "brigam" na comercialização de soja, o Brasil deve passar os norte-americanos e liderar as exportações mundiais do grão.
A previsão é que o Brasil exporte 26 milhões de toneladas em 2006, ante as 25 milhões de toneladas previstas para os Estados Unidos. É uma conquista, mas deve servir de alerta em alguns pontos.
Nos últimos 10 anos, o Brasil perdeu US$12 bilhões para a Argentina na divisão do mercado mundial. O Brasil aumenta o mercado para a soja em grão, produto mais barato, com menor valor agregado, enquanto a Argentina ganha mercado de produtos industrializados, como farelo de soja e óleo, mais caros e de maior valor agregado.
As negociações internas, assim como o transporte das regiões produtoras para as processadoras, encarecem o produto e diminuem a competitividade dos derivados brasileiros de soja no mercado internacional. A situação fez com que muitas empresas deixassem de exportar óleo e farelo e passassem a exportar o grão, mais vantajoso. Outras fecharam suas unidades no Brasil e passaram a investir na Argentina.
A preocupação é que a desvantagem na produção de óleo e farelo faça com que o Brasil, apesar de segundo maior produtor de soja do mundo, passe a importar esses produtos da Argentina, o que seria uma contradição.