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Scot Consultoria

Milho: demanda interna sustentou o mercado em 2024


Terça-feira, 7 de janeiro de 2025 - 06h00

Foto por: Bela Magrela


Segundo levantamento da Scot Consultoria, o preço do milho iniciou 2024 pressionado, comparado ao mesmo período ano anterior. Se em 2023, o cereal iniciou o ano cotado, em média, em R$88,52/saca de 60 quilos em Campinas-SP, em janeiro, em 2024 o recorte foi outro - com o grão cotado em R$67,52/saca. 

A safra 2022/23 foi recorde em produção, o que trazia a expectativa de estoques finais confortáveis para o início da safra 2023/24 - não foi o que aconteceu. 

Em 2023, com uma conjuntura internacional favorável, a exportação brasileira despontou - foram 55,9 milhões de toneladas embarcadas no ano. Em 2024, o ritmo de embarques foi menor. Até novembro, a exportação de milho somou 35,5 milhões de toneladas. 

Figura 1.
Exportação brasileira de milho, até novembro, em milhões de toneladas.

Fonte: Secex / Elaboração: Scot Consultoria

Em 2023, a demanda interna também cresceu e, com isso, os estoques finais - que abasteceriam o mercado até a entrada da safra de verão 2023/24 -, diminuíram. 

Com desafios climáticos na semeadura da safra de verão e forte seca durante o período de desenvolvimento do milho na segunda safra em 2023/24, a produção foi menor e a demanda, principalmente interna, manteve-se aquecida. 

Tabela 1.
Balanço de oferta e demanda de milho.

Safra Estoque
Inicial
Produ
ção
Importa
ção
Supri
mento
Con
sumo
Exporta
ção
Deman
da
Total
Estoque
Final
2018/19 14,6 100,0 1,6 116,2 61,9 41,1 103,0 13,2
2019/20 13,2 102,6 1,5 117,2 67,0 34,9 101,9 15,3
2020/21 15,3 87,1 3,1 105,5 71,2 20,8 92,0 13,5
2021/22 13,5 113,1 2,6 129,3 74,5 46,6 121,2 8,1
2022/23 8,1 131,9 1,3 141,3 79,6 54,6 134,2 7,1
2023/24 7,1 115,7 1,9 124,7 84,2 36,0 120,2 4,4
2024/25 out/24 4,4 119,7 1,9 126,1 87,0 34,0 121,0 5,0
nov/24 4,4 119,8 1,9 126,1 87,0 34,0 121,0 5,1


Fonte: Conab / Elaboração: Scot Consultoria

Com estas incertezas, os preços do milho subiram no fim de 2023, mas perderam força conforme as preocupações quanto ao tamanho da quebra de produção se dissipavam - com isso, as cotações caíram a partir de fevereiro, encontrando um piso de preços a partir de abril.

Figura 2.
Preço médio do milho em grão, em Campinas-SP, em R$/saca de 60kg.

Fonte: Scot Consultoria

A partir de julho, mesmo com a colheita da segunda safra concluída no Brasil e uma maior oferta doméstica, os preços do milho subiram!

A demanda interna esteve aquecida, com destaque às usinas de etanol de milho. O dólar colaborou com a alta dos preços em reais e, do lado vendedor, o atraso das chuvas entre setembro e outubro diminuiu a pressão para as vendas.

Somado ao contexto, os estoques finais brasileiros, para a safra 2023/24, ou seja, estoques que abastecerão o mercado até fevereiro/março de 2025, serão os menores dos últimos anos. 

Ainda colaboram com o viés de alta as incertezas quanto à oferta no ciclo 2024/25, que, apesar da expectativa de uma maior produção, possui riscos quanto ao tamanho da oferta na próxima temporada, uma vez que a área com milho na primeira safra deverá ser 5,0% menor - e a produtividade será responsável pela manutenção da produção, ou seja, qualquer frustração diminuirá o potencial de produção. 

E, além disso, apesar de uma menor pressão quanto ao risco para a janela de semeadura na segunda safra de milho, ainda há dúvidas quanto ao potencial de produção para a segunda safra. 

Neste contexto, de maior demanda e uma oferta incerta, a expectativa é de um mercado com pouco espaço para retrações ao longo de 2025, salvo, é claro, os momentos de maior oferta e sazonalidades naturais - acompanhe na figura 3.

Figura 3.
Preços do milho, em R$/saca, no mercado físico, em azul, e no mercado futuro, em laranja.

Fonte: Scot Consultoria, B3 (16/12/24).


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