Foto por: Bela Magrela
Segundo levantamento da Scot Consultoria, o preço do milho iniciou 2024 pressionado, comparado ao mesmo período ano anterior. Se em 2023, o cereal iniciou o ano cotado, em média, em R$88,52/saca de 60 quilos em Campinas-SP, em janeiro, em 2024 o recorte foi outro - com o grão cotado em R$67,52/saca.
A safra 2022/23 foi recorde em produção, o que trazia a expectativa de estoques finais confortáveis para o início da safra 2023/24 - não foi o que aconteceu.
Em 2023, com uma conjuntura internacional favorável, a exportação brasileira despontou - foram 55,9 milhões de toneladas embarcadas no ano. Em 2024, o ritmo de embarques foi menor. Até novembro, a exportação de milho somou 35,5 milhões de toneladas.
Figura 1.
Exportação brasileira de milho, até novembro, em milhões de toneladas.
Fonte: Secex / Elaboração: Scot Consultoria
Em 2023, a demanda interna também cresceu e, com isso, os estoques finais - que abasteceriam o mercado até a entrada da safra de verão 2023/24 -, diminuíram.
Com desafios climáticos na semeadura da safra de verão e forte seca durante o período de desenvolvimento do milho na segunda safra em 2023/24, a produção foi menor e a demanda, principalmente interna, manteve-se aquecida.
Tabela 1.
Balanço de oferta e demanda de milho.
Safra | Estoque Inicial |
Produ ção |
Importa ção |
Supri mento |
Con sumo |
Exporta ção |
Deman da Total |
Estoque Final |
|
2018/19 | 14,6 | 100,0 | 1,6 | 116,2 | 61,9 | 41,1 | 103,0 | 13,2 | |
2019/20 | 13,2 | 102,6 | 1,5 | 117,2 | 67,0 | 34,9 | 101,9 | 15,3 | |
2020/21 | 15,3 | 87,1 | 3,1 | 105,5 | 71,2 | 20,8 | 92,0 | 13,5 | |
2021/22 | 13,5 | 113,1 | 2,6 | 129,3 | 74,5 | 46,6 | 121,2 | 8,1 | |
2022/23 | 8,1 | 131,9 | 1,3 | 141,3 | 79,6 | 54,6 | 134,2 | 7,1 | |
2023/24 | 7,1 | 115,7 | 1,9 | 124,7 | 84,2 | 36,0 | 120,2 | 4,4 | |
2024/25 | out/24 | 4,4 | 119,7 | 1,9 | 126,1 | 87,0 | 34,0 | 121,0 | 5,0 |
nov/24 | 4,4 | 119,8 | 1,9 | 126,1 | 87,0 | 34,0 | 121,0 | 5,1 |
Fonte: Conab / Elaboração: Scot Consultoria
Com estas incertezas, os preços do milho subiram no fim de 2023, mas perderam força conforme as preocupações quanto ao tamanho da quebra de produção se dissipavam - com isso, as cotações caíram a partir de fevereiro, encontrando um piso de preços a partir de abril.
Figura 2.
Preço médio do milho em grão, em Campinas-SP, em R$/saca de 60kg.
Fonte: Scot Consultoria
A partir de julho, mesmo com a colheita da segunda safra concluída no Brasil e uma maior oferta doméstica, os preços do milho subiram!
A demanda interna esteve aquecida, com destaque às usinas de etanol de milho. O dólar colaborou com a alta dos preços em reais e, do lado vendedor, o atraso das chuvas entre setembro e outubro diminuiu a pressão para as vendas.
Somado ao contexto, os estoques finais brasileiros, para a safra 2023/24, ou seja, estoques que abastecerão o mercado até fevereiro/março de 2025, serão os menores dos últimos anos.
Ainda colaboram com o viés de alta as incertezas quanto à oferta no ciclo 2024/25, que, apesar da expectativa de uma maior produção, possui riscos quanto ao tamanho da oferta na próxima temporada, uma vez que a área com milho na primeira safra deverá ser 5,0% menor - e a produtividade será responsável pela manutenção da produção, ou seja, qualquer frustração diminuirá o potencial de produção.
E, além disso, apesar de uma menor pressão quanto ao risco para a janela de semeadura na segunda safra de milho, ainda há dúvidas quanto ao potencial de produção para a segunda safra.
Neste contexto, de maior demanda e uma oferta incerta, a expectativa é de um mercado com pouco espaço para retrações ao longo de 2025, salvo, é claro, os momentos de maior oferta e sazonalidades naturais - acompanhe na figura 3.
Figura 3.
Preços do milho, em R$/saca, no mercado físico, em azul, e no mercado futuro, em laranja.
Fonte: Scot Consultoria, B3 (16/12/24).
Receba nossos relatórios diários e gratuitos