A esperança de exportadores agrícolas em limitar o impacto dos crescentes subsídios agrícolas que a Rússia continuará fornecendo a seus produtores está em uma regra que o Brasil conseguiu incluir no acordo para a entrada de Moscou na Organização Mundial do Comércio.
A regra estabelece que os subsídios não podem ser concentrados em alguns poucos produtos. Ou seja, haverá limite de ajuda por produto especifico, de forma que a Rússia não poderá focar os recursos apenas no aumento de sua produção de carnes, por exemplo.
Na cena comercial, em Genebra, a avaliação é de que os russos vão entrar na OMC com a bizarra possibilidade de aumentar os subsídios por uma razão simples: os Estados Unidos, a maior potência e grande exportador agrícola do mundo, não fez pressão nesse ponto sobre Moscou. Os russos dão US$5 bilhões de subsídios agrícolas que podem distorcer o comércio, e poderão ampliá-los para US$9 trilhões em 2012-2013, até baixá-los gradualmente para US$44,4 bilhões em 2018.
Sobre as cotas de carnes, negociadores acreditam que os exportadores em geral estão contentes, mesmo sem prazos para a Rússia transformar os limites quantitativos a importação em tarifas, um antigo pleito brasileiro. A avaliação é que as condições do comércio brasileiro mudaram bastante com a forte apreciação do real, e os produtores brasileiros não têm o preço tão baixo como antes do início das negociações. Assim, pelo menos fica assegurado o acesso via cotas, comparado à dúvida sobre a competitividade no caso de tarifa de importação mais alta no mercado russo. Só para os suínos a cota anual de 400 mil toneladas, sem tarifa, será eliminada em dezembro de 2019. A partir daí, Moscou aplicará alíquota de 25%.
Fonte: Valor Online. Por Assis Moreira. 9 de novembro de 2011.