Criadores de porcos e de gado do Paraná conseguem renda tratando os dejetos dos animais criados em confinamento. Com o uso de biodigestores, eles conseguem reduzir a poluição e produzir ao mesmo tempo fertilizante e energia elétrica.
Quando o assunto é criação de animais, o Brasil está entre os líderes do mundo. De norte a sul do país, sítios e fazendas abrigam milhões de cabeças de gado de corte, vacas leiteiras, porcos, cabras, ovelhas e frangos.
O problema é que em certos lugares a concentração de animais é tão grande que traz riscos para a natureza. Afinal, onde tem muito bicho, tem muito estrume e muita urina. São dejetos que sem manejo adequado se transformam em fontes de poluição.
Se considerar apenas os rebanhos confinados de bovinos, aves e porcos no Brasil, a produção de estrume e urina chega a 410 milhões de toneladas por ano, o equivalente a mais de um milhão de toneladas por dia.
A região oeste do Paraná é famosa pela beleza das Cataratas do Iguaçu, um espetáculo da natureza. É também a terra de um gigante da engenharia humana.
Construída na fronteira com o Paraguai, a hidrelétrica de Itaipu é a maior geradora de eletricidade do mundo.
Além da beleza das cataratas e da grandiosidade de Itaipu, a região também se destaca pela força do agronegócio. O oeste do Paraná tem muita soja e milhares de fazendas de criadores de porcos, aves e gado de leite.
No lugar que tem muito rebanho, tem muito dejeto e muito combustível para geração de energia. Cícero Bley Júnior é um defensor da produção de eletricidade no campo. Agrônomo e engenheiro, ele é superintendente de Energias Renováveis de Itaipu.
Segundo Cícero, o biogás produzido nos biodigestores tem um potencial imenso no Brasil. “A grande energia renovável do Brasil é o biogás porque ela está difusa no espaço todo e é mais disponível em termos de custo-benefício. Tudo o que for orgânico contém o metano com potencial de conversão em energia elétrica, uma nova vocação para o campo”.
Para transformar a vocação em energia de fato, a equipe de Itaipu organizou um projeto pioneiro. Tocado em parceria com a Copel, a Companhia Paranaense de Energia, o trabalho já funciona em 41 propriedades da região.
Na fase de lactação, as vacas de uma propriedade que se dedica à produção de leite ficam confinadas em galpões, onde recebem diariamente silagem e ração, comida balanceada, servida no cocho. Além de oferecer alimento farto e de qualidade, os donos também se preocupam com o bem-estar do rebanho. Um ambiente limpo e confortável é importante para a saúde e a produtividade. Por isso, as vacas são tratadas de maneira especial, com ventiladores, ar condicionado e até massagem.
Com tantos cuidados, as vacas produzem diariamente 20 mil litros de leite em três ordenhas. O problema desse tipo de manejo é o alto custo com energia elétrica e a grande quantidade de dejetos. “Quanto maior o volume de vacas em sistema de confinamento, fora do pasto, o grande desafio do produtor é dar destino aos dejetos”, explica Sandro Viechnieski, pecuarista e veterinário.
Fonte: Globo Rural. Pela Redação. 3 de fevereiro de 2012.