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Wilson Rodrigues - ACBB

por Equipe Scot Consultoria
Terça-feira, 1 de novembro de 2011 -11h34


Presidente da Associação dos Criadores do Brahman do Brasil - ACBB.

Scot Consultoria: A raça Brahman vem ganhando cada vez mais importância no Brasil, sendo a segunda em registro de nascimento segundo ABCZ e também a segunda raça em venda de sêmen, conforme a Asbia. A que se deve essa expansão? Quais características, sejam elas reprodutivas ou produtivas, têm feito a raça ser cada vez mais empregada na pecuária nacional?

Wilson Rodrigues: A história do Brahman é muito bonita. Interessava aos pioneiros da raça a produtividade e dentro da espécie que respondia melhor na área sul dos Estados Unidos. Foi assim que foi feito o Brahman, um zebuíno que oferecesse melhor produção de carne.

Desde que entrou no Brasil (oficialmente em 1994), o Brahman tem demonstrado que a sua genética quantitativa é bastante forte e os pecuaristas que souberam utilizá-lo não deixaram mais de fazê-lo.

O número de criadores só aumentou e o impacto será maior ainda nos próximos anos.

Basta ver os dados do Serviço de Registro Genealógico das Raças Zebuínas e comparar com as demais raças sob delegação da ABCZ que o impacto é maior ainda.

Ela não é só a segunda em nascimentos (e segunda em venda de sêmen, pela ASBIA). Em comparação, é a raça que mais cresce no Brasil.

Ela é boa de reprodução e melhor ainda na produção, tanto em qualidade, como em quantidade. Tem rendimento de carcaça, maciez de carne e é muito precoce.

Serve para ser usada pura e em cruzamentos com taurinos, outros zebuínos e tauríndicos.

E isso não é novidade. Já é uma realidade em tantos países que usam o Brahman nas suas pecuárias.


Scot Consultoria: A pecuária nacional entrou em um período de crescimento na aplicação de tecnologia onde a busca por melhora no índices zootécnicos é crescentes e de certa forma, necessário para se manter na atividade. Acredita que isso tem feito crescer a procura por genética melhorada e por raças que fornecem condições maiores de ganho em produtividade?

Wilson Rodrigues: Claro que sim. Trabalhar genética qualitativa (voltada para caracterização racial) é fácil. Em poucas gerações se consegue resultados objetivados. Mas genética quantitativa (a ligada à produção), essa sim dá um trabalho muito maior. Está ligada a vários pares de genes e só um esforço bem feito de seleção faz essa construção e com persistência em gerações sucessivas.

O pecuarista quer resultados no seu bolso, retorno da aplicação como em qualquer outra atividade econômica. Por isso vemos a demanda por genética melhorada para carne e também para o leite.

O mercado é claro nerste aspecto e ele é quem manda.


Scot Consultoria: Como você vê o mercado de preços do boi gordo? Acredita que o momento de remuneração atual incentiva a procura por tecnologia, com animais de genética diferenciada e investimento em insumos?

Wilson Rodrigues: O Brasil se tornou a “bola da vez” na pecuária mundial. Está no topo dos produtores e exportadores de carne. O preço da arroba nunca esteve tão bem como nos últimos meses. Mas não podemos fechar os nossos olhos que volume fazemos, mas não alcançamos ainda a qualidade desejável para a rentabilidade ser bem maior.

O exemplo claro disso é a Austrália. É um dos maiores exportadores e tem menos de 20% do nosso efetivo bovino. Recebe mais do que o Brasil fatura.

É um exemplo muito claro de que qualidade dá mais retorno do que quantidade. Agora, o maior percentual de sangue na Austrália é de Brahman.

Ainda não temos um programa eficiente de remuneração por qualidade no Brasil e isso está prestes a acontecer.

Já vemos sinais para isso e quem estiver bem preparado vai começar a ganhar mais dinheiro.

O primeiro ponto para isso é a genética diferenciada e o Brahman possui isso.


Scot Consultoria: Na sua opinião, pagamento diferenciados por tipo de carcaça, seria uma medida importante para o maior investimento em genética?

Wilson Rodrigues: Sim, com certeza e digo mais, quando começarem a fazer assim e virem de quais os animais saíram tais carcaças, o Brahman aí subirá mais ainda no conceito da maioria dos pecuaristas de corte. Isso será natural. Da mesma forma que alguns programas pagam melhor por carne de animais com sangue de uma determinada raça européia (fato), vai acontecer igualmente com a raça que criamos.


Scot Consultoria: Quais as expectativas para a ExpoBrahman 2011?

Wilson Rodrigues: Teremos uma ExpoBrahman fora do nosso local tradicional, o Parque Fernando Costa, em Uberaba/MG. A ABCZ está numa reforma do referido lugar para termos uma ExpoZebu 2012 com muito mais glamour. Era necessário um tempo para que na nova pista de julgamento formasse um novo gramado e também outras mexidas no parque de exposições. Foi de comum acordo (ACBB e ABCZ) que fôssemos com a VII Expobrahman para São José do Rio Preto/SP. Lá estará acontecendo a 50ª Exposição e comemoraremos junto com eles essa edição do jubileu de ouro. Temos certeza que será uma bela mostra, com gado vindo de várias regiões do Brasil e todas as atividades que são características da ExpoBrahman.