Antoine Lavoisier foi guilhotinado pelos revolucionários franceses. Mais de duzentos anos depois sua lei mais famosa: “Na natureza nada se perde, nada se cria, tudo se transforma”, está sendo guilhotinada pelos modernos revolucionários da ecologia.
Digo isso baseado na quantidade de bobagens que andam sendo ditas por aí, especialmente sobre o agronegócio brasileiro e suas emissões de gases de efeito estufa.
Bois e vacas, por exemplo, são considerados por ecologistas como verdadeiras fábricas de emissão de metano, como se aquelas moléculas de carbono não estivessem já presentes na atmosfera, não fossem absorvidas pelos pastos, seqüestradas em forma de matéria orgânica no solo, transformadas em carne, couro, gelatina, sabão e biodiesel.
Recomenda-se reduzir o consumo de carne para salvar o planeta. Pode ser confortável para Paul McCartney advogar o vegetarianismo do alto da sua fortuna de 440 milhões de libras esterlinas, mas segundo a FAO (órgão das Nações Unidas para questões relacionadas à Agricultura e Alimentação) existe 1 bilhão de pessoas em algum estado de subnutrição no planeta que gostariam muito de ter um mínimo de proteína em suas dietas.
O programa Canal Livre da Band, que foi ao ar 13/12 (vídeos disponíveis no site da Band), mostra, pela perspectiva de especialistas como o meteorologista Luiz Carlos Molion, Evaristo Miranda da Embrapa e o Prof. Cerri do CENA, quão equivocada está a visão que o ambientalismo tem do agronegócio.
O etanol queimado nos carros, por exemplo, é contado como emissão de CO
², embora este CO
² seja absorvido pela cana quando cresce neutralizando as emissões e até seqüestrando carbono quando o corte é mecanizado e a palha das folhas é incorporada ao solo.
Nosso ex-ministro Alysson Paulinelli em recente artigo no Estadão chama de mentira “gobbeliana” a questão de emissões por queimadas, já que o CO
² liberado ali tinha sido absorvido pelas árvores crescendo, mesmo que isso tenha acontecido há séculos atrás. (A propósito, fala-se de CO
² como se fosse um poluente, embora eu, você e toda natureza viva sejamos todos feitos de CO
²).
A grande verdade é que o único estoque de carbono sendo efetivamente liberado para a atmosfera vem da queima de combustíveis fósseis: petróleo, gás, carvão e turfa que são imensos estoques de carbono seqüestrados há milhões de anos atrás.
É na busca de energias alternativas que cientistas deveriam focar seus esforços, e nesse sentido o Brasil é realmente um país abençoado por contar com uma matriz energética baseada em hidrelétricas e com a possibilidade de expandir o uso de biocombustíveis, com a cultura da cana para produção de etanol e de eletricidade com a queima do bagaço, e outras alternativas como o sebo do boi por exemplo.
Enquanto energias alternativas não resolvem o problema, toda a discussão em Copenhague gira em torno de países que querem queimar mais para se desenvolver e de países que se recusam a parar de queimar para não mudarem seu estilo de vida. Países em desenvolvimento culpam os desenvolvidos por terem poluído o mundo, mas não contam que aquela poluição gerou benefícios e tecnologias que mudaram a vida de grande parte da humanidade.
O que ninguém percebe é que tanto um grupo como o outro são pautados pelo peso na consciência que o ambientalismo lhes impõe. Um ambientalismo que se baseia em fraudes e modelos equivocados para impor ao mundo um ponto de vista.
Olavo de Carvalho diz que o que define um movimento revolucionário totalitarista é o senso de história invertido sob o qual ele interpreta a realidade. O III Reich nazista ou o paraíso proletário comunista são fins definidos em nome dos quais tudo é permitido.
Por definição, nada do que o revolucionário faça no presente é imoral já que o fim futuro supostamente é o ideal que se imagina para a humanidade.
Pascal Bernardin, autor de O Império Ecológico, talvez seja quem mais tenha captado o espírito revolucionário do ambientalismo. Na verdade ele liga o comunismo e seu fim ao surgimento do novo ambientalismo.
O movimento já tem seu horizonte utópico definido, quer colocar a Natureza de volta ao centro da espiritualidade humana. O indivíduo mais uma vez cederá lugar ao bem coletivo. Para atingir esse horizonte empenha-se em destruir a percepção cristã que temos do homem no Ocidente, transformando-o apenas em uma parte inconsciente do todo, como se fôssemos uma colônia de cupins. Há setores do ambientalismo, por exemplo, que dizem que a melhor solução para a humanidade é parar de se reproduzir. Estão entre os ambientalistas, e não por acaso, os mesmos que defendem procedimentos como aborto e eutanásia.
A ideologia do ambientalismo infiltrou-se de maneira gramsciana em todos os setores da sociedade, partindo sempre de onde a infiltração é mais eficiente: o
show business e o sistema de ensino. No caso de não aderirmos ao movimento, somos ameaçados com todo tipo de catástrofes. As mudanças climáticas provocadas pelo homem (ergo o homem em si) são culpadas de inundações (exceto em São Paulo onde a culpa é do Kassab), secas, nevascas, furacões, desertificações, frio, calor, ventos e praticamente toda e qualquer alteração climática mais midiática.
Entre outros efeitos dizem, por exemplo, que o aquecimento provocará epidemias de malária em lugares onde a doença não existe. Seria bom lembrarmos que a maior epidemia de malária já registrada aconteceu na Sibéria. Cidades como Boston e Londres erradicaram a malária graças ao uso massivo de DDT, molécula que o ambientalismo baniu sem que nunca uma única morte humana fosse relacionada com seu uso. Por outro lado, o fim do DDT provocou um genocídio silencioso (em contraponto à Primavera Silenciosa de Rachel Carlson) de vítimas de malária no Terceiro Mundo.
É engraçado ver como Hollywood dá vazão ao pensamento revolucionário ambientalista em suas produções catastróficas. O lado mau é sempre o do desenvolvimento. Em O Dia Depois de Amanhã, milhares de norte-americanos cruzam a fronteira rumo ao México fugindo de uma nova era do gelo. Em 2012, depois que a crosta terrestre se esfacela em pedaços, só sobra África para se tornar o novo mundo dos sobreviventes. Em Avatar, a recente mega produção de James Cameron, humanos maus querem explorar um planeta selvagem onde seus habitantes vivem em harmonia com a natureza.
Nas escolas, nossos filhos voltam para casa sem saber resolver uma equação ou apontar o Everest no mapa, mas sabem perfeitamente lhe dar uma homérica bronca por fumar um cigarro ou demorar demais no banho.
A invasão dos computadores de East Anglia mostrou ao mundo que mesmo as instituições científicas que deveriam ser nossas balizas estão contaminadas pelo espírito revolucionário. Afinal o que é uma fraude em alguns dados aqui se o futuro que pretendemos é o melhor para a humanidade?
Onde estará o fim disso tudo?
Estaríamos mesmo a caminho de um eco-fascismo, que pretende colocar sob uma autoridade global o nosso acesso a recursos naturais, incluindo terra, água e combustíveis?
Será nosso futuro habitar em eco-goulags, onde nosso consumo de energia, água e nossas emissões são controladas como Chávez controla as idas ao banheiro dos venezuelanos?
Há uns meses atrás, quando os ambientalistas invadiram as ruas das grandes cidades à noite pedindo que luzes fosse apagadas e eletrodomésticos desligados pelo bem do planeta, recebi um email de um funcionário de uma dessas ONGs nos EUA. O email trazia uma foto de satélite da península da Coréia à noite. A Coréia do Sul estava inteira iluminada, a do Norte imersa em escuridão. A mensagem perguntava e afirmava: "Adivinhe qual das duas Coréias é uma ditadura stalinista e qual é uma democracia? Eletricidade é bom!". Aposto que provavelmente ele perdeu o emprego depois dessa.
Outra campanha que a ONG SOS Mata Atlântica começou a divulgar pedia que as pessoas começassem a urinar durante o banho para economizar água de descarga.
Minha mãe passou anos recomendado exatamente o contrário para que o banheiro de casa não exalasse como um mictório de rodoviária. Em outra campanha o Greenpeace já andou pedindo o fim do papel higiênico.
Vamos mesmo abandonar as conquistas da civilização? Ou pior, vamos mesmo tirar o homem do centro de nossas atenções e preocupações? Como disse Luiz Felipe Pondé, damos direitos aos ratos enquanto fazemos de bebês lixo reciclável pelo direito de gozar mais. Ou como perguntou Reinaldo Azevedo, não podemos conceder aos fetos os mesmos direitos dos ovos de tartaruga?
Eu tinha uma visão diferente de futuro. Onde a vida de indivíduos não fosse sacrificável pelo bem coletivo da espécie. Onde Brasil seria o celeiro do mundo, capaz de alimentar as 9 bilhões de pessoas que teremos no planeta daqui a quarenta anos. E onde a agricultura fosse a futura fonte da nossa prosperidade. Qual será a nossa escolha? De volta às selvas, comendo-nos uns aos outros?