A trajetória de alta deve seguir pelo menos até agosto.
Segundo o diretor executivo da Associação Brasileira da Indústria de Leite Longa Vida (ABLV), Nilson Muniz, o período de entressafra, que neste ano começou mais cedo, em janeiro, aliado à maior procura da indústria alimentícia pela matéria-prima deixam os preços sustentados. Em abril, o preço médio pago ao produtor deve crescer entre 6 e 15% sobre março, dependendo da região leiteira, conforme levantamento prévio da Scot Consultoria. Segundo o consultor Rafael Ribeiro, no Estado de São Paulo o valor médio deve aumentar 6,5%, passando de R$0,683 o litro em março, para R$0,727 em abril. Em Minas Gerais, a projeção indica alta de 9,7% e, em Goiás, de 12,8%.
Para o presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Leite (Leite Brasil), Jorge Rubez, a melhor remuneração aos produtores deve se manter porque não há excesso de oferta no mercado. “A produção cresce na medida do preço, e só a partir de agora vamos receber e cobrir os custos de manutenção do rebanho, que pode chegar a R$0,75 por litro”, diz Rubez.
Investimento - Alguns dos itens essenciais para a pecuária, como milho e fertilizante, estão mais baratos neste momento. Com o custo de produção mais baixo e o preço do leite em alta, a tendência é que os produtores invistam mais em 2010 e aumentem a produção leiteira. Ribeiro avalia que a queda de quase 20% no preço do leite no segundo semestre de 2009 foi o que reduziu os investimentos na atividade. “Em 2009, o crescimento foi muito pequeno, apenas 1,6%. Mas em 2010, com o mercado mais promissor, a tendência é de ampliar ainda mais a produção atual, de 29 bilhões de litros ao ano”, afirma.
A alta do preço do produto é percebida também no varejo. Em março, o preço do leite longa vida integral subiu entre 7 e 15% nos supermercados ante o mês anterior e foi um dos fatores que contribuíram para a inflação, medida pelos principais índices.
A Scot Consultoria apurou o preço máximo em São Paulo de R$2,25 o litro do leite longa vida, com a média estadual de R$2,02/l, alta de 26,2% no primeiro trimestre. Segundo Ribeiro, o comportamento para os próximos meses deve ser similar ao ano passado, quando o leite longa vida ao consumidor chegou a custar 50% a mais em junho, em relação a janeiro, devido à entressafra.
Nilson Muniz diz que o consumidor reclama que o preço do leite é alto porque não valoriza o produto, como acontece com os sucos e os produtos à base de soja, por exemplo. “O preço médio do leite é muito barato se comparado a outras bebidas, porque nenhuma tem o valor nutricional do leite”, protesta.
Fonte: Agência Estado. 16 de abril de 2010.