O Brasil inicia em maio mais uma etapa da vacinação.
Os resultados positivos das últimas campanhas mostram como a prática favorece as exportações de carne, cuja receita dobrou entre 2003 e 2009. Para analistas, trata-se de um avanço importante do ponto de vista zootécnico para o País. “A imunização abre portas para o produto nacional. O Brasil está aprendendo a negociar”, afirma Alcides de Moura Torres, presidente da Scot Consultoria.
O consultor explica que o avanço da vacinação evita as fortes oscilações decorrentes da descoberta de um foco de aftosa no País, que inevitavelmente provoca queda das exportações e deprime os preços, uma vez que o excedente não embarcado é comercializado no mercado interno. Para ele, o modelo brasileiro é muito eficiente, considerando-se o tamanho do rebanho e a extensão do território nacional, e poderia servir de exemplo na formatação do Serviço Brasileiro de Rastreabilidade da Cadeia Produtiva de Bovinos e Bubalinos (Sisbov).
A Scot destaca ainda outro papel muito importante da vacinação: dimensionar o tamanho do rebanho nacional. Atualmente, a consultoria trabalha com o número do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) atualizado por municípios, que indica o rebanho bovino em 190 milhões de cabeças. No modelo brasileiro, a vacinação é feita em duas a três etapas, para imunizar todos os animais com mais de três meses de idade do plantel nacional de bovinos e bubalinos. Torres lembra que o último censo agropecuário foi realizado pelo IBGE em 2006. Na ocasião, a estimativa apontava 170 milhões de cabeças em todo o País.
O presidente do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para a Saúde Animal (Sindan), Emílio Carlos Salani, ressalta que não existe comparativo no mundo para o modelo adotado no País. “O Brasil tem hoje o maior programa de imunização do mundo. Em nenhum outro lugar do mundo trabalha-se com esta quantidade de quase 400 milhões de doses. Estamos falando de 2 milhões de litros de vacina”, afirma.
O Brasil realiza em maio e novembro as etapas mais significativas de vacinação, incluindo as maiores área de pecuária no Brasil. A campanha abrange 25 Estados e o Distrito Federal. O Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para a Saúde Animal (Sindan) estima a demanda por vacina em 374,9 milhões de doses, conforme indicação feita pelo Ministério da Agricultura, em outubro de 2009. A indústria se prepara para abastecer o mercado a partir da notificação do Departamento de Sanidade Animal, que em outubro indica qual será a demanda projetada para o ano seguinte. O período de produção e controle de uma vacina de aftosa varia de sete a nove meses e passa pela avaliação da própria indústria e do Ministério da Agricultura.
Segundo o Ministério da Agricultura, Acre, Rondônia, Mato Grosso, Tocantins, Goiás, Mato Grosso do Sul, Sergipe, Bahia, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul, Centro-Sul do Pará (44 municípios) e Distrito Federal são áreas livres de febre aftosa com vacinação. Santa Catarina é o único Estado que tem o status de livre de febre aftosa sem vacinação. Já Roraima e o norte do Pará estão classificados como zonas de alto risco.
Em 2009, a campanha de vacinação conseguiu imunizar 97% do rebanho brasileiro em 25 estados e o Distrito Federal. O ministério destacou que a cobertura mais expressiva ocorreu em Mato Grosso que, em fevereiro do ano passado, imunizou 100% dos animais abaixo de 12 meses, na fronteira com a Bolívia. Para este ano, a expectativa é vacinar 100% do rebanho nacional, calcula o presidente do Sindan.
Fonte: Agência Estado. 15 de abril de 2010.