Marfrig aumenta abate em 65%
Após comprar a Seara e arrendar 11 unidades de abate, já fala em fusão com a Minerva.
Preocupada com a progressiva concentração, a Marfrig Alimentos, após anunciar a compra da Seara na semana passada, voltou as atenções para sua origem e retomou o processo de investimento no mercado de carne bovina. Com uma única tacada, a empresa aumentou em 65% sua capacidade de abate no Brasil, que agora passa a ser de 22,35 mil cabeças por dia.
O grupo arrendou 11 unidades de abate, sendo cinco do frigorífico Margen, que estava em processo de recuperação judicial, e seis do frigorífico Mercosul, um dos maiores grupos gaúchos do setor. Com isso, o Rio Grande do Sul entra também no processo de concentração, até agora mais restrito ao Centro-Norte do Brasil. Mas a Marfrig não anunciou apenas a ampliação da capacidade de abate.
Distribuição
A empresa também comunicou uma parceria no segmento de distribuição com o Grupo Martins, dono da maior empresa de distribuição da América Latina. Em nota distribuída para a imprensa, a Marfrig não fornece detalhes do negócio. Informa apenas que a parceria é de cinco anos, prorrogáveis por mais cinco, e tem por objetivo expandir a atuação da empresa no segmento de varejo e food service. O terceiro anúncio do dia foi no segmento de couros, com a compra de 51% do grupo uruguaio Zenda, por US$49,5 milhões.
No mercado, o movimento da Marfrig para arrendar as unidades foi considerado uma estratégia para não ficar “pequeno” em comparação à JBS, que na semana passada anunciou uma fusão com a Bertin, além da compra da Pilgrim’s Pride, nos Estados Unidos, que a elevou ao posto de maior indústria de proteína do mundo.
Rapidez
“Foi até mais rápido do que imaginávamos, mas tanto as conversas com o Margen quanto com o Mercosul já estavam circulando no mercado”, afirma Fabiano Tito Rosa, analista da Scot Consultoria. Com os recentes movimentos, as três maiores indústrias de carne bovina do Brasil passam a deter 30% da capacidade instalada para abate.
Apesar de terem sido abatidas 40 milhões de cabeças no Brasil, a expectativa é de que o parque industrial tenha uma capacidade para 60 milhões. Desse total, 18% estão nas mãos da JBS, 9% com a Marfrig e 3% com o Minerva, mas esses números podem mudar novamente.
Fusão
Alguns rumores do mercado dão conta que Marfrig e Minerva estariam avaliando uma fusão de suas operações, para aumentar ainda mais sua capacidade de abate. Diante da nova realidade da indústria, os pecuaristas começam a demonstrar preocupação com o movimento do setor.
Em Mato Grosso existe a estimativa de que em algumas regiões do estado exista apenas uma empresa atuando. “Em algumas regiões a JBS será soberana. No caso da Marfrig, a atuação é menor, tinha duas unidades e assumiu agora mais uma que era do Margen”, disse Luciano Vacari, superintendente da Associação de Criadores de Mato Grosso (Acrimat). Ele já solicitou à entidade que seja feito um levantamento dos impactos que essas fusões e arrendamentos podem ser sobre a pecuária do estado.
Fonte: Monitor Mercantil. 23 de setembro de 2009.