A exigência pode interromper, por tempo indeterminado, a compra e o abate de animais rastreados para o atendimento da União Européia.
A suspensão de importação de carne bovina brasileira, "in natura", pela União Européia, está a causar apreensão entre os produtores e exportadores. Em nota oficial, o Ministério da Agricultura classificou a decisão da UE de “injustificável e arbitrária” e negou falhas no sistema nacional de controle sanitário.
A Comissão Européia anunciou na quarta-feira (30/01) a suspensão das importações depois de o Ministério da Agricultura brasileiro ter apresentado uma lista de 2.861 fazendas que, no entender das autoridades, estariam aptas a exportar para a Europa, dentro das exigências sanitárias definidas por Bruxelas.
A Comissão Européia quer que a lista de empresas qualificadas como aptas a exportar carne bovina não vá além das 300.
O Ministério da Agricultura do Brasil qualificou a decisão de Bruxelas como “desnecessária, desproporcional e injustificada”, já que o risco à saúde humana e animal é “ausente”. Brasília quer que a Comissão Européia “garanta transparência e previsibilidade” nas próximas etapas para que as relações comerciais voltem ao normal.
De acordo com a empresa de consultoria Scot Consultoria, “a exigência (da UE) pode interromper, por tempo indeterminado, a compra e o abate de animais rastreados para o atendimento da União Européia”.
“Na condição de consumidores, os europeus podem exigir o que bem entendem. Mas a partir do momento que as exigências são atendidas, qual a justificativa para um embargo? Qual será o critério de escolha desses trezentos bem aventurados? A sorte? Vão tirar no palitinho? No cara ou coroa? No par ou ímpar?”, questiona a empresa de consultoria agro-pecuária.
O Ministério da Agricultura argumenta que não teria como escolher apenas 300 propriedades, pois todas (2.861) estariam dentro das exigências internacionais.
Em dezembro do ano passado, a UE anunciou medidas de restrição às importações de carne brasileira que passariam a valer a partir de 31 de janeiro deste ano.
Muitos frigoríficos já interromperam as compras de rastreados e a indefinição está a provocar o aumento da especulação no mercado do boi gordo. As expectativas de preço para próximos meses caíram e na BM&F (Bolsa de Mercadorias e Futurso) todos os contratos recuaram. A única exceção foi o contrato de janeiro, que será finalizado nesta quinta-feira (31).
A UE pretende enviar ao Brasil uma nova missão veterinária, até dia 25 de fevereiro, para realizar uma nova vistoria nas fazendas produtoras de gado e avaliar as condições sanitárias.
Ministério diz que decisão é “injustificável e arbitrária”
Em nota oficial, o ministério classificou a decisão da UE de “injustificável e arbitrária” e negou falhas no sistema nacional de controle sanitário. A partir de sexta-feira (1º), o Ministério da Agricultura deixará de emitir o Certificado Sanitário Internacional (CSI) para aqueles países.
Segundo o comunicado, a UE fez ressalvas apenas ao sistema de rastreabilidade (critério para identificar a procedência dos animais), sem apontar quais seriam os pontos contestados.
A nota informa ainda que o Brasil havia apresentado à Comissão Européia, na última segunda-feira (28), a lista das propriedades que estariam em conformidade com as condições sanitárias exigidas pelo bloco econômico e que os serviços veterinários federal e estaduais são confiáveis.
Fonte: Portugal Digital. Brasil/Portugal. 30 de janeiro de 2008.