Produção dos maiores exportadores cai, abrindo espaço para o Brasil
A onda de aquisições é recente. O grande marco foi a compra da Eleva pela Perdigão, em outubro do ano passado.
Com essa tacada, a Perdigão, que já era dona da Batávia, chegou ao topo do ranking, atrás apenas da Nestlé, e despertou a atenção para o potencial do leite.
Graças ao crescimento do consumo de lácteos, sobretudo nos países emergentes, a demanda tem crescido 3% ao ano. A oferta, por outro lado, sobe apenas 2%. Acontece que, desde o ano passado, a produção dos maiores exportadores (Austrália, Argentina e Nova Zelândia) está estável ou em queda. As perspectivas para 2008 também não são boas, o que abre um espaço para ser preenchido por outros países. É aí que entra o Brasil.
"As grandes empresas estão olhando o mercado com outros olhos. O preço internacional do leite em pó atingiu o pico em 2007 e deve se manter alto por mais três anos", diz o chefe da assessoria técnica da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg), Rodolfo Oliveira.
O Brasil está entre os maiores produtores de leite do mundo, mas vende apenas 5% da sua produção para o exterior. O índice de produtividade ainda é baixo, mas pode ser melhorado com pequenas mudanças. A aposta é que o Brasil, com suas grandes áreas de pastagens, repita com o leite a trajetória bem sucedida que teve com a carne.
O País não exporta basicamente por dois motivos. Primeiro, porque o consumo interno cresce. Segundo, o produto mais fácil de exportar é o leite em pó, cuja fabricação exige investimentos iniciais altos, o que afasta a maioria dos laticínios locais. "O Brasil tem tudo para ser um grande exportador", diz a analista da Scot Consultoria Cristiane de Paula Turco. "Os próprios frigoríficos querem aproveitar o momento. Eles enxergam longe porque a pecuária de corte passou por essa experiência há dez anos."
Fonte: O Estado de São Paulo. Economia. 13 de abril de 2008.