Setor foi o que apresentou maior aumento na exportação de bovinos e derivados em 2007. No primeiro trimestre do ano ascensão continuou promissora.
Após um aumento de 76,3% em 2007 no número de bois embarcados no Brasil para abate no exterior, o ano de 2008 começou com as exportações do setor em alta e representando um promissor mercado. O embarque de gado em pé cresceu 31% no primeiro trimestre deste ano em comparação com o mesmo período de 2007. O aumento na receita gerada também é expressivo: US$68,2 milhões ante US$22,5 milhões no primeiro tri do ano anterior.
Atualmente, o Minerva é o maior exportador de boi vivo do Brasil, que ocupa o quarto lugar no panorama mundial do comércio de boi vivo. Em 2007, as exportações da divisão no Minerva cresceram 305% para R$215,6 milhões, e representaram 42% das exportações brasileiras de gado em pé. Em 2008 o market share já estava em 67%.
O Superintendente de Relações com Investidores do Minerva Ronald Aitken explica que o crescimento foi muito expressivo para a empresa. “Em 2006, o embarque de boi vivo representou 4% da receita da Companhia, e chegou a 13% no ano passado. O crescimento deve continuar, mas a níveis mais moderados de 30-40% durante esse ano”. Os bovinos são embarcados através de portos no estado do Pará e seguem, principalmente, para o Líbano, um dos maiores importadores do mundo de animais vivos.
A valorização do animal vivo no mercado exterior foi sentida rapidamente: no primeiro trimestre, a tonelada do animal vivo foi negociada a US$1.608 enquanto no mesmo período de 2007 o preço chegou a US$804 por tonelada, crescimento de 100%.
Setor abre mais possibilidades para a pecuária brasileira - A consolidação do Brasil como exportador de gado em pé só tem a beneficiar a pecuária nacional que tem mais uma possibilidade de comercialização de animais. Esta é a opinião de Frederico A. Queiroz, responsável pela divisão do Minerva S.A. Para ele é mais uma fonte de riqueza que se abre ao País, principalmente ao Estado do Pará, de onde embarcam e onde há o maior fluxo de comércio de animais para este fim.
Queiroz também explica que o gado em pé não concorre com a carne resfriada e congelada. “A exportação de boi vivo é um mercado específico. O país que importa o gado dessa maneira tem suas razões culturais, religiosas ou políticas. A exportação desse setor é complementar para a pecuária brasileira e não concorrente como foi especulado” diz. “Na verdade, o Brasil está entrando em um novo mercado que só tem a acrescentar para os pecuaristas e para o PIB do país, pois trata-se de um novo recurso injetado na economia nacional”.
A exportação em 2007 do gado em pé gerou US$260 milhões de receita para o setor. Apesar de um montante importante para a pecuária, o número de embarques é pequeno se comparado ao número geral de abates no país: foram embarcados 432 mil animais enquanto o número de abatidos foi estimado em 46 milhões de cabeças em 2007.
De acordo com estimativas da Scot Consultoria as exportações de gado em pé equivalem a 1,4% do abate formal e menos de 1% do abate total brasileiro, um dado que combate a idéia difundida por alguns setores de que esse tipo de exportação gerou falta de boi no mercado interno pressionando os preços.
“Os preços atuais são impulsionados pelo próprio ciclo da pecuária”, explica.
“Estamos no período da valorização do boi que já deveria ter acontecido mas que foi interrompido pelos casos de aftosa dos anos anteriores”, continua Queiroz.
Para ele a falta de animais não está de nenhuma forma ligada à exportação de boi em pé. “A quantidade exportada é como se o Brasil tivesse dois novos frigoríficos com capacidade de abate de 800 cabeças. Não é relevante nem impactante para a oferta de bovinos”, contesta.
Fonte: Revista Fator. 17 de abril de 2008.