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Ministério volta atrás e muda regras de rastreabilidade

por Equipe Scot Consultoria
Quarta-feira, 21 de maio de 2008 -08h02
O Ministério da Agricultura voltou atrás e mudou a regra de rastreabilidade. A alteração que ocorreria para os participantes do Serviço de Rastreabilidade da Cadeia Produtiva de Bovinos e Bubalinos (Sisbov) a partir do ano que vem, e que já tirava o sono de muitos pecuaristas que atuam na recria e engorda, deixou de existir.

Uma das mudanças, ou a principal delas, que traz a Instrução Normativa nº 24 (IN 24), publicada no dia 2 de maio no Diário Oficial, é o cancelamento da mudança em relação à compra de animais, que existiria a partir de 1º de janeiro de 2009. Os pecuaristas cadastrados no Sisbov só poderiam comprar animais provenientes de outra propriedade Eras (Estabelecimentos Rurais Aprovados no Sisbov).

Considerando que no Brasil a produção de gado é segmentada, existe quem faça somente a cria ou quem trabalhe só com a recria e engorda, “se não houvesse essa alteração, o Sisbov acabaria travando", comenta Fabiano Tito Rosa, consultor da Scot Consultoria.

Em síntese, como quase não há pecuaristas no elo da cria que estejam cadastrados no Sisbov, a compra do bezerro ou do gado magro ficaria muito difícil para quem atua na recria com o intuito de vender para os frigoríficos exportadores. Os pecuaristas que atuam na cria vendem bezerros e bois magros. Quem está no elo da recria compra esses animais para engordá-los.

Com a alteração da IN 24, tudo fica como está. Continua possível para quem participa do Sisbov comprar animais de propriedades que não são Eras. "Pouca gente que faz a cria rastreia animais porque não recebe por isso. O Sisbov tem um custo que não está embutido no preço do bezerro", explica o pecuarista Carlos Antônio Vieira da Costa Jr., diretor da Cooper QI, da região noroeste do Paraná. No mercado do boi gordo há diferença de cotações entre o boi rastreado e o não-rastreado, para o bezerro não há o prêmio.

A “volta atrás” do governo não atrapalha as discussões com os europeus, garantem os entrevistados pelo DCI. "Não há necessidade de a rastreabilidade ocorrer desde o nascimento do animal", diz Costa Jr. "À medida que for se criando a cultura no Brasil, o sistema vai se adequar e chegar ao elo dos criadores. Os europeus sabem disso", comenta.

O presidente do Fórum de Gado de Corte da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), Antenor Nogueira, acrescenta que o que importa para a União Européia é o prazo mínimo de rastreabilidade. Os europeus pedem que os animais provenientes das zonas habilitadas devem ter ficado os últimos 40 dias antes do abate na última propriedade e, os que vierem de regiões não habilitadas, deverão ficar os 90 dias finais na última fazenda. Atualmente, há 95 propriedades habilitadas a exportar para o bloco, em seis estados (Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais e Distrito Federal).

O pecuarista Juan Lebron, também diretor operacional da Associação Nacional dos Confinadores (Assocon), diz, ainda, que a alteração proposta para 2009 se tratava de decisão interna com o objetivo de levar à adesão maciça de produtores ao Sisbov.

Outra mudança que trouxe a IN 24 é a fiscalização estadual, para reforçar o trabalho feito por fiscais federais e certificadoras. Minas Gerais, por exemplo, tem atualmente 40 veterinários prontos para atuar em nível estadual, diz o secretário de Agricultura daquele estado, Gilman Viana. Naor Maia Lima, coordenador do Sisbov no Ministério da Agricultura (Mapa), diz que treinamentos serão abertos a novos interessados.

Mercado firme

Com a reduzida oferta de gado, as cotações decolam em plena safra. Ontem, em São Paulo, a arroba do boi gordo chegou aos R$81,50, ganho de R$0,50 em comparação à sexta-feira passada. A vaca gorda também segue o mesmo compasso e ontem a Scot registrou vários negócios a R$74/@, alta de R$1,00 sobre sexta-feira.

O mercado externo também pressiona, já que há reduzida oferta global. As estimativas do maior produtor, os Estados Unidos, são de recuo de produção de 12,156 bilhões de quilos em 2008 para 12,02 bilhões de quilos em 2009. Ontem, em Brasília, Brasil e Estados Unidos discutiram abertura de mercados de carnes in natura. O secretário Célio Porto, do Mapa, diz que a missão norte-americana virá em junho a Santa Catarina para avaliar as condições de produção de carne bovina e suína in natura.

Fonte: Costa Rica News. Por Érica Polo. 20 de maio de 2008.