Estudo realizado pelo Agri Benchmark, projeto sediado na Alemanha que reúne pesquisadores e representantes de entidades e governos de vários países, revelou que o custo de produção do agricultor brasileiro chega a ter uma diferença de US$170,00 a US$280,00, por hectare, em relação aos seus principais concorrentes no mercado de grãos: Argentina e Estados Unidos.
O aumento de 136% no preço interno dos fertilizantes é apontado como uma das principais causas para a expressiva diferença. Apesar desse insumo ter registrado uma alta mundial, o produtor brasileiro o utiliza em volumes muito maiores que os de seus concorrentes.
De acordo com Mauro Osaki, pesquisador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), enquanto o produtor de soja do Centro-Oeste utiliza 250 a 500 quilos de fertilizante por hectare, uma grande parte das propriedades da Argentina não utiliza o insumo ou usam um volume bem abaixo de 100 quilos por hectare. “Esse ano a vantagem competitiva da Argentina é enorme. Além do pouco uso de fertilizante eles praticamente não enfrentam problemas com a ferrugem asiática”, disse Osaki. Segundo o pesquisador do Cepea, 18% do custo operacional do produtor hoje no Brasil é para o controle de ferrugem asiática.
O Cepea representa o Brasil no Agri Benchmark. O projeto foi idealizado pelo ministério da Agricultura da Alemanha, que por ser uma das principais lideranças nas decisões políticas da União Européia tem a preocupação de entender a dinâmica da agricultura mundial. “Esses dados podem ser utilizados como instrumento de avaliação para definir as áreas de subsídios”, destacou Osaki.
No programa, informações microeconômicas da produção brasileira de grãos passam a ser comparadas com as de outros 14 países. No caso da produção de soja, a comparação tem sido feita entre o Brasil, Argentina e Estados Unidos.
O método de coleta consiste na avaliação de até 10 produtores para a composição de uma propriedade típica de cada região visitada. Além do inventário da propriedade, são coletados quantidades utilizadas de insumos e os preços pagos localmente por produtores.
Entre todas as propriedades analisadas (dos três países), o maior custo operacional foi verificado no Brasil, em uma propriedade do Paraná, onde produzir um hectare de soja custou US$438,00 na safra 2006/2007. Na seqüência, mas com um custo bem menor que o exemplo brasileiro, está uma fazenda do Iowa, nos Estados Unidos, com US$366,00 por hectare. Já os menores custos operacionais foram registrados em Buenos Aires, na Argentina, com US$150,00 por hectare.
Segundo analistas ouvidos pelo DCI a liderança do Brasil no ranking de custos está longe de acabar. Para o plantio da safra 2008/2009 de soja o aumento dos custos de produção variou de 22% a 54%, segundo levantamento da Confederação Nacional de Agricultura (CNA).
De acordo com Fernando Muraro Jr., da Agência Rural, os custos de produção do milho aumentaram de 30% a 35% nessa safra, chegando a custar até R$900,00, no Paraná. “Além de sermos amplamente importadores nós temos problemas sério de logística”, avalia.
Para José Amaral, da Scot Consultoria, com a desaceleração da inflação o produtor pode ser ainda mais penalizado quanto aos custos já que os preços dos alimentos já dão sinais de queda, enquanto o preço dos insumos segue em linha ascendente. “Os preços das commodities ainda estão em alta mas se for colocar a inflação do período não teve ganho quase nenhum para o produtor”, ressaltou.
Balança comercial
O que continua compensando os gastos do produtor é a balança comercial do setor que no mês de julho registrou duas marcas históricas: as exportações totalizaram US$7,9 bilhões, superando em 50% o mesmo período de 2007, e o superávit alcançou a cifra de US$6,8 bilhões. O setor que mais contribuiu para o aumento do valor absoluto das exportações foi a soja. Em julho, as vendas de soja em grão aumentaram 121% alcançando US$1,9 bilhão.
O custo de produção do agricultor brasileiro chega a ter uma diferença de US$170,00 a US$ 280,00, por hectare, em relação aos seus principais concorrentes no mercado de grãos: Argentina e Estados Unidos. Este é o resultado do estudo realizado pelo Agri Benchmark, projeto sediado na Alemanha que reúne pesquisadores e representantes de entidades e governos de 14 países.
Entre todas as propriedades analisadas (dos três países), o maior custo operacional foi verificado no Brasil, em uma propriedade do Paraná, onde produzir um hectare (ha) de soja custou US$438,00 na safra 2006/2007. Na seqüência, está uma fazenda do Iowa, nos Estados Unidos, com US$366,00 por ha. Os menores custos operacionais foram registrados em Buenos Aires, na Argentina, com US$150,00 por ha.
O que continua compensando os gastos do produtor é a balança comercial do setor que no mês de julho registrou duas marcas históricas: as exportações totalizaram US$7,9 bilhões, superando em 50% o mesmo período de 2007, e o superávit alcançou a cifra de US$6,8 bilhões. Isso também incentiva a produção. A safra brasileira de grãos continua batendo recorde. A nova previsão da Conab registra uma produção de 143,7 milhões de toneladas, uma alta de 9,1% em relação à safra anterior.
Essa força do agronegócio brasileiro atrai empresas estrangeiras a investirem no País. A Cooperatie Rundvee Verbetering (CRV) -cooperativa que reúne produtores holandeses e belgas- assumiu como holding da Lagoa da Serra, que mudou de nome e passa a se chamar CRV Lagoa. De olho no potencial produtivo dos rebanhos no continente americano, a empresa, que comercializa sêmen bovino, tem como um dos seus planos estratégicos ampliar as exportações.
Fonte: DCI. Agronegócios. Por Priscila Machado. 8 de agosto de 2008.