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Renda cresce, mas falta de insumos ameaça a produção

por Equipe Scot Consultoria
Quarta-feira, 13 de agosto de 2008 -10h03
A oferta de defensivos agrícolas no País não será suficiente para atender a demanda por defensivos agrícolas. A afirmação foi feita por Cristiano Simon, presidente da Câmara Temática de Insumos Agropecuários do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Consagro/Mapa).

Segundo ele, no segundo semestre a situação deve se agravar, já que a escassez de matéria-prima é um problema global e o Brasil não é auto-suficiente na produção. Simon destacou ainda que o cenário resultará num problema para as empresas do setor, que terão uma demanda muito superior a oferta.

Como resultado, a Basf já anuncia que precisará aumentar os preços de seus produtos. De acordo com a empresa, esse reajuste se faz necessário para que ela possa, pelo menos, reaver seus níveis de rentabilidade. “Porém, alguns dos aumentos de matérias-primas ainda não foram transferidos para o mercado, o que poderá ocasionar reajustes no segundo semestre de 2008”.

O aumento é considerado uma conseqüência do aquecimento da economia e dos insumos básicos utilizados na cadeia de abastecimento, principalmente em produtos que têm como base o petróleo ou derivados.

O aumento da produção de alimentos tem demandado cada vez maiores volumes de insumos. No caso dos defensivos a estimativa é a de que nos últimos dois anos a procura pelo produto tenha aumentado cerca de 40%. A estimativa de renda agrícola para 2008, de R$156,7 bilhões, deve pressionar ainda mais a indústria nos próximos meses.

De acordo com Carolina Magnabosco, da Scot Consultoria, a oferta hoje é restrita e a tendência é piorar com a entrada da safra. “Várias pessoas que eu tenho consultado disseram que fizeram pedidos em junho para chegar em setembro, que é o pico da demanda com o início do plantio, ou seja, muitas empresas estão sem o produto, aguardando a encomenda”, disse a consultora.

Fertilizantes

Apesar dos recentes anúncios de investimentos privados e estatais no setor, os preços do produto continuam pressionando o produtor. Segundo dados da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), de janeiro a julho, o Brasil comprou US$19,1 bilhões em produtos químicos, sendo que US$5 bilhões, ou seja, 26,5% desse valor foram gastos na aquisição de matéria-prima para a fabricação de fertilizantes.

Enquanto o incremento na receita chegou a 132%, em volume, o aumento foi de apenas 6,1%.

Nesta semana o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, afirmou que a Petrobras poderá construir duas unidades de produção de fertilizantes nitrogenados, sendo uma em Mato Grosso e uma outra da Região Sudeste. “Queremos ser menos vulneráveis em fósforo e potássio. Hoje importamos 91% do potássio que usamos, mas temos boas perspectivas com duas jazidas em Sergipe, novas ocorrências no recôncavo baiano e grandes promessas na região de Nova Olinda”, disse o ministro.

Renda agrícola

A previsão da renda agrícola em 2008 é de R$156,7 bilhões, registrando um acréscimo de 17% em relação ao ano passado, já descontada a inflação do período. Os dados foram divulgados ontem pelo Mapa.

Dos produtos analisados o feijão apresentou o maior incremento de renda em relação ao ano passado: 89,4%. Entre as commodities o destaque foi o café com uma alta de 48,1%, seguido por trigo (44,3%), milho (32,2%) e soja (31,3%). “Esses produtos caracterizam-se por apresentarem elevado aumento de renda e de preços simultaneamente”, analisa o coordenador de Planejamento Estratégico do Mapa, José Garcia Gasques.

A cana-de-açúcar, por sua vez, mesmo com um aumento de produção de 14,2% em 2008 , apresenta redução de renda de 11,5% ou R$19,2 bilhões, decorrente dos menores preços do produto neste ano.

A oferta de defensivos agrícolas no País não será suficiente para atender a demanda dos agricultores, principalmente a partir de setembro, quando acontece o pico do plantio da safra 2008/09.

Fonte: DCI. Agronegócios. Por Priscila Machado. 13 de agosto de 2008.