O frigorífico Marfrig espera que o cenário seja um pouco melhor neste segundo semestre em relação à oferta de gado. “Esperamos que seja melhor do que foi o primeiro semestre do ano, por conta da maior presença de gado confinado em comparação ao ano passado”, disse Ricardo Florence, diretor de relações com investidores do Grupo Marfrig, ao DCI, em entrevista nesta semana.
Para José Vicente Ferraz, diretor do Instituto AgraFNP, o maior volume de gado confinado trará um pouco de folga para os frigoríficos de maior porte, porque essas empresas têm confinamentos próprios ou parcerias com grandes confinadores - como é o caso da JBS, Marfrig e Minerva, cita Ferraz. “Na média do País, não concordo que o aumento de gado confinado vá melhorar a situação atual. Na melhor das hipóteses ficará como está”, opina.
Os frigoríficos menores e regionais, a depender de sua localização, poderão enfrentar situação bem complicada nesta entressafra pelo ajuste de oferta de gado em geral (considerando animais a pasto). O confinamento tem forte presença em algumas regiões do país.
Pesquisa divulgada neste mês pela Associação Nacional dos Confinadores (Assocon) revelou que o confinamento feito por seus associados será maior do que em 2007, mas caiu em relação à expectativa de crescimento existente no início deste ano. Em 2008, serão 578,4 mil cabeças contra as 541,9 mil cabeças de gado confinadas e abatidas em 2007, aumento de 6,7%. Desde as pesquisas iniciais, feitas nos primeiros meses de 2008, já houve queda de 12% na estimativa inicial de confinamento feito por associados da Assocon neste ano. O levantamento revelou, ainda, que do total de animais estimados para a safra de 2008, 14% ainda não foram comprados - cerca de 82 mil animais. A Assocon reúne pecuaristas de Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais, São Paulo, Mato Grosso do Sul e Paraná, que representam cerca de 600 mil cabeças. Para a pesquisa, a entidade ouviu 47 associados.
Em números gerais, o país deve somar cerca de 2,77 milhões de cabeças confinadas neste ano, ante as 2,6 milhões em 2007. O cálculo é de Fabiano Tito Rosa, consultor da Scot Consultoria, com base no aumento de 6,7% previsto pela Assocon. “A entidade não representa todo o Brasil, mas reúne quantidade significativa de gado e seu cálculo pode ser considerado tendência”, diz. Para Tito Rosa, o aumento teria de ser superior aos 6,7% para refletir em nível nacional. “O que segura os preços da arroba agora é a demanda fraca”, acrescenta.
Fonte: DCI. Agronegócios. Por Érica Polo. 15 de agosto de 2008.