Os exportadores de carnes podem se preparar para a possibilidade de surgirem novos negócios, tanto na Rússia quanto na África do Sul, em breve.
No que diz respeito ao Leste Europeu, há a possibilidade de que 15 novas plantas frigoríficas ganhem habilitação para exportar carne bovina para a Rússia. Estaria prevista a visita de um grupo de técnicos daquele país, em outubro, em algumas dessas plantas, segundo informou ontem Péricles Salazar, presidente da Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo). O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) deve fazer auditoria nas plantas e os russos visitariam algumas delas.
Ainda segundo Salazar, a Rússia importa 750 mil toneladas de carne bovina por ano no total e o país tem demanda para anexar outras 300 mil toneladas em seu potencial de compras, o que totalizaria 1.050 milhão de toneladas anuais importadas. Historicamente, o Brasil exporta 450 mil toneladas para aquele mercado. “Há um grande interesse dos importadores, pois o Brasil é um importante fornecedor para aquele país”, complementa. Ainda de acordo com o dirigente, a maior demanda do mercado russo vem da indústria de alimentos. O interesse dessas empresas é importar cortes dianteiros. A entidade não divulgou quais empresas fazem parte dessa lista.
O diretor executivo da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), Luiz Carlos de Oliveira, está na África do Sul e participa do 17º Congresso Mundial da Carne. Oliveira não pôde comentar o assunto ontem.
O secretário de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Inácio Kroetz, também presente ao evento na Cidade do Cabo (capital sul-africana), divulgou ontem outra notícia favorável para os exportadores do segmento, por meio da assessoria de imprensa do Mapa. A África do Sul quer voltar a importar carne de bovinos e suínos do Brasil.
Segundo o ministério, técnicos do serviço veterinário daquele país virão ao Brasil, na segunda quinzena de novembro, em missão de 10 dias, para analisar a retomada das importações dessas carnes. A visita foi agendada durante reunião entre o secretário Kroetz e a ministra de Agricultura da África do Sul, Lulama Xingwana. Kroetz informou que a missão visitará áreas livres de aftosa sem vacinação e com vacinação, para verificar a movimentação de animais entre estados e o controle de risco da doença em regiões de fronteira.
A África do Sul interrompeu as importações de carnes do Brasil em 2005. Antes da suspensão, o país importava 11,2 mil toneladas de carne bovina e 18 mil toneladas de carne suína do Brasil por ano, segundo o Mapa.
Para Fabiano Tito Rosa, consultor da Scot Consultoria, tanto o mercado russo quanto o africano são mercados representativos. O consultor lembra que a Rússia é o maior importador da carne bovina brasileira em termos individuais e sua economia vem expandindo em função do petróleo. “Há dificuldades para lidar com os russos, porque quando eles querem negociar melhores preços acabam criando dificuldades burocráticas. No entanto, o Brasil sabe lidar muito bem com isso”, acrescentou.
Com relação à África do Sul, é importante lembrar que se trata da nação mais rica do seu continente e, além disso, lembrou Tito Rosa, vai sediar a Copa do Mundo em 2010 - fator que estimula o consumo local.
Mais Rússia
A Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frangos (Abef) e a Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Carne Suína (Abipecs) soltaram ontem comunicado, por meio de assessoria de imprensa, de que encaminharam correspondência ao governo solicitando avaliação do momento político para renegociação dos acordos de carnes de aves e suína com a Rússia.
Quando o Brasil foi negociar os termos para o apoio do ingresso da Rússia na OMC, o comércio de carnes já havia sido antecipadamente negociado com EUA e União Européia, que mantiveram quotas tarifárias exclusivas de grande volume. Restou ao Brasil parte menor na distribuição das quotas, com outros países. “No momento em que a Rússia declara rever seu comércio com EUA e União Européia, em virtude do incidente político na fronteira da Geórgia, o Brasil deve estar atento”, diz a nota.
Fonte: DCI. Agronegócios. Por Érica Polo. 10 de setembro de 2008.