Balanço realizado pela Scot Consultoria entre janeiro e junho deste ano, na média de 28 praças pesquisadas mostrou que houve aumento médio de 21% no preço do boi, o que faz crer que bons ventos chegam para a indústria frigorífica neste segundo semestre. O destaque ficou por conta de Rondônia, com alta de 35%, e Tocantins (Sul e Norte), Redenção e Marabá, no Pará, todas com 29% de aumento.
“É fato também que, neste segundo semestre, o ritmo de alta diminuiu bastante. Na verdade, o mercado está andando de lado, com variação média, entre julho e agosto (ainda incompleto) de -0,1%”, comentam os analistas.
Diante desse cenário, são ouvidas conclusões do tipo: “Agora a oferta aumenta por conta dos confinamentos” ou “A margem das indústrias vai melhorar, porque o boi não sobe mais”.
“Primeiro, é preciso considerar que o Brasil abate cerca de 46 milhões de cabeças ao ano, e que o confinamento gira em torno de 3 milhões de cabeças. Considerando mais o semi-confinamento, seria algo entre 7 ou 8 milhões de cabeças. Em síntese, a maior parte dos animais é terminada quase que exclusivamente a pasto e, se na entressafra aumenta a oferta de boi de cocho, também diminui a oferta de boi de pasto”, afirmam os analistas da Scot Consultoria.
Claro que existem as especificidades regionais, e aí vale uma “menção honrosa” a Goiás, que com mais 1 milhão de cabeças confinadas está se tornando um Estado sem entressafra. “Temos tratado bastante desta questão, neste mesmo espaço, ao longo da última semana”, comentam.
“De toda forma, essa não é a realidade da maior parte do país. No Norte, por exemplo, que foi para onde a pecuária mais avançou nos últimos anos, praticamente não existe confinamento e a oferta de animais terminados encontra-se realmente bastante reduzida”, destacam.
Em segundo lugar, mesmo que os preços parem de subir, seria preciso que realmente despencassem para retornar aos patamares do primeiro semestre, afirmam os analistas. Em São Paulo, por exemplo, o primeiro semestre ficou com preço médio de R$79,42/@. E o boi hoje é negociado a R$92,00/@. Em Rondônia foi registrada média de R$67,72/@ nos primeiros 6 meses do ano, frente a uma cotação atual de R$80,00/@.
“Em síntese, o custo da matéria-prima (boi gordo) não deverá recuar aos patamares do primeiro semestre. Primeiro, porque a oferta, com raríssimas exceções, não está aumentando (a morosidade do mercado se deve, principalmente, a dificuldades na ponta vendedora de carne). Segundo, porque seria preciso um movimento de baixa bastante forte e prolongado para que isso acontecesse, o que não é, de forma alguma, típico de entressafra”, concluem.
Para a margem das indústrias melhorar no segundo semestre, na comparação com o primeiro (e esperamos que melhore mesmo), será necessário que bons resultados venham das vendas. “E se o dólar se mantiver firme já ajuda bastante”, alertam.
Fonte: CapitalNews. Agronegócios. 27 de agosto de 2008.