Assim como a cana-de-açúcar, a pecuária se expande cada vez mais em áreas tradicionalmente conhecidas no País pela produção de soja. Mais duas regiões estão sendo alvos de conversações para a implantação de ambiciosos programas de confinamento bovino. Sorriso, no Mato Grosso, e a região oeste da Bahia estão na mira de investidores - estrangeiros e nacionais -, que planejam viabilizar seus projetos já a partir de 2009.
No caso da Bahia, fundos internacionais têm interesse em investir no que será o primeiro confinamento do estado, com uma escala de cerca de 30 mil bovinos/mês. As informações partem do superintendente de política de agronegócios da Secretaria da Agricultura do Estado da Bahia, Eujácio Simões. “Em setembro virá uma missão com representantes desses fundos para seguir com as conversações. O plano de viabilidade deverá ser montado até o final deste ano e a intenção é implantar em 2009”, conta.
A região escolhida é produtora de 4,8 milhões de toneladas de soja, caroço de algodão e milho por ano. “A idéia é apostar em confinamentos, transformando grãos em proteína animal”, diz Simões.
Perto do fornecedor da matéria-prima para a ração bovina, o confinador economiza em logística. Atualmente, na Bahia, a criação de gado está se expandindo, mas ainda se concentra na região litorânea. O boi de capim é o comum. O rebanho da Bahia, segundo números mais recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), soma 10,7 milhões de cabeças. Os números da Secretaria apontam 11,5 milhões de cabeças - sendo que há excedente de 1 milhão de cabeças por ano no estado (não consumidos internamente). Por isso, o governo da Bahia já mostrou interesse em atrair os grandes frigoríficos exportadores, como JBS-Friboi, Marfrig e Independência, para construírem unidades no estado. Hoje, a região possui unidades frigoríficas, mas de menor porte, comenta Gabriela Tonini, consultora da Scot Consultoria. O frigorífico Bertin é o único, entre os de maior porte, que tem unidade no sul da Bahia, diz Gabriela.
Mato Grosso
Na região de Sorriso, no Mato Grosso, o investimento parte da GMG Internacional, empresa brasileira importadora da genética da raça rubia gallega - tradicional da região da Galícia, na Espanha. A intenção é confinar - por meio de parcerias e/ou áreas próprias pertencentes à empresa - e construir uma unidade industrial para abater e embalar o produto. Segundo Eduardo Grandal, diretor da GMG, os detalhes do projeto serão finalizados nas próximas semanas. O aporte ainda não foi divulgado.
O secretário de Indústria, Comércio, Minas e Energia do Mato Grosso, Pedro Nadaf, disse que, apesar de não conhecido ainda o valor do aporte, o projeto deve criar aproximadamente 1,2 mil empregos na região. Segundo cálculos da secretaria, a indústria terá capacidade de abate entre 1,5 e 2 mil cabeças por dia, informou Nadaf. “Até meados de 2009 o projeto deverá ser implantado e estar operando”, espera o secretário de indústria do estado. A capacidade de abate da indústria a ser construída, se for desse porte, é alta: equivalerá à da planta da JBS-Friboi localizada em Barra do Garças (MT), que pode abater entre 1,8 e 1,9 mil cabeças/dia, segundo comenta Gabriela, da Scot. A consultora cita, ainda, outro exemplo, o da unidade do frigorífico Bertin, localizada em Mozalândia (GO), que pode abater até 2 mil cabeças/dia.
A aposta da GMG Internacional no Brasil, no segmento de pecuária de corte, é a comercialização da carne proveniente de melhoramento genético e cruzamento industrial da/com a raça rubia gallega. A empresa importa a genética desse tipo de gado espanhol e desenvolve programas de melhoramento. Atualmente, cerca de 50 pecuaristas distribuídos entre Mato Grosso, Goiás e São Paulo criam 50 mil cabeças de bovinos dessa raça. Toda a carne é comercializada para até 50 lojas do Grupo Pão de Açúcar.
Segundo Grandal, a GMG fornece média de 400 animais por semana para o Pão de Açúcar - ou seja, o equivalente a 88 mil quilos de carne se for considerado o peso médio por animal de 220 quilos.
Assim como a cana-de-açúcar, a pecuária se expande cada vez mais em áreas tradicionalmente conhecidas no País pela produção de soja. Mais duas regiões estão sendo alvo de conversações para a implantação de ambiciosos programas de confinamento bovino. Sorriso, no Mato Grosso, e a região oeste da Bahia estão na mira de investidores, estrangeiros e nacionais, que planejam viabilizar seus projetos já a partir de 2009. Por estar perto do fornecedor da matéria-prima para a ração bovina, o confinador economiza em logística.
Fonte: DCI. Agronegócios. Por Érica Polo. 29 de agosto de 2008.