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Escassez de boi provoca demissões em Rondônia

por Equipe Scot Consultoria
Terça-feira, 9 de setembro de 2008 -15h10
Com dificuldades para manter as margens por causa da alta dos preços do boi gordo e trabalhando com ociosidade, devido à escassez de animais para abate, o frigorífico Margen suspendeu as operações em suas 16 unidades de abate de bovinos no país e deu aviso prévio a 3,5 mil de seus 5 mil funcionários.

Em Rondônia, a medida vai atingir os municípios de Ariquemes, Rolim de Moura e Pimenta Bueno. Com capacidade para abater 600 animais por dia, a unidade de Ariquemes, deu aviso prévio ontem para cerca de 250 funcionários. Procurada, a direção do Margen das três unidades não quis comentar o assunto.

Na última semana, o diretor administrativo do Margen, Adalberto Silva, disse em entrevista ao jornal Valor Econômico que, a empresa está “sem caixa para pagar o boi”. Segundo ele, apenas os centros de distribuição e as unidades de produção de charque continuarão operando, assim como a criação de suínos em Goiás. “Devemos ficar fechados até o fim do ano”, previu.

A notícia do Margen foi dada sem causar muita surpresa aos agentes que atuam nesse mercado. Segundo Gabriela Tonini, consultora da Scot Consultoria, há vários meses a maior parte das unidades de abate do frigorífico já não estavam comprando bovinos. Gabriela lembra, ainda, que nesse ano difícil para os frigoríficos, um dos pontos estratégicos importantes para a sobrevivência é a relação com os fornecedores da matéria-prima. Por isso, as grandes indústrias estão apostando em estratégias de fidelização.

Ciclo

A escassez de boi gordo, que fez a arroba em Rondônia acumular alta de 34%, apenas no primeiro semestre deste ano - a maior do país -, segundo levantamento da Scot Consultoria, reflete um movimento que especialistas chamam de “mudança de ciclo” da pecuária de corte. Tal mudança decorre do descarte de matrizes nos últimos anos, o que levou a uma forte queda na oferta de animais para abate no país.

Para os especialistas, esse é um quadro que deve perdurar “pelo menos até 2009”. Além da matéria-prima mais cara, a margem dos frigoríficos na exportação de carne bovina também caiu por causa do dólar fraco. Fabiano Tito Rosa, analista da Scot Consultoria, também não acredita em reversão do quadro atual de crise das indústrias porque “o investimento que o campo vem fazendo demora um certo tempo para surtir efeito”. Além disso, segundo ele, como os custos da produção subiram, o ritmo do investimento dos pecuaristas diminuiu.

Fonte: Folha de Rondônia. Agropecuária. Por Juliana Coelho. 9 de setembro de 2008.