Estudo aponta queda de 3,3 em setembro expectativa para outubro é de mais recuo
Começou o período de vacas magras para os produtores de leite. Com o fim da entressafra e o aumento da oferta de leite, os preços começam a despencar, conforme estudo feito pela Scot Consultoria, que identificou uma queda no pagamento de 3,3% entre os meses de agosto e setembro.
“Existe uma tendência natural no aumento da produção nesse período e uma redução na concorrência entre os laticínios na busca de matéria prima. Com as chuvas dos últimos meses e o aumento da luminosidade nesta época do ano, a pastagem regenera, aumentando a produtividade”, explica o consultor da Scot Consultoria, Rafael Ribeiro de Lima Filho.
Neste ano, segundo o estudo, o pico dos preços ocorreu no mês de julho, quando o produtor chegou a receber R$0,76 pelo litro de leite. Apesar da tendência de queda para os próximos meses, o consultor diz que o preço está melhor neste ano. Em 2008, no mesmo período, o leite estava cotado a R$0,68.
“Outra vantagem para o produtor neste ano está sendo o custo de produção menor, em razão do preço do milho, sorgo e da polpa cítrica, que está em baixa. Até o preço de fertilizantes baixou, facilitando a vida do produtor que trabalha com sistemas intensivos de pastagem”, explica Lima Filho.
A expectativa do consultor é de que haja um aumento no consumo de lácteos em razão da redução de preços. “O que pode determinar o panorama do mercado é o consumo, que dará sustentação aos preços. Normalmente, quando existe uma redução do preço do leite, aumenta o consumo de derivados, como queijo e iogurtes”, acrescenta.
No limite
Para o presidente da Leite Brasil (Associação Brasileira dos Produtores de Leite), Jorge Rubez, o setor está no limite. “Essas oscilações de preços em qualquer atividade comercial é muito ruim, uma vez que temos um limite de preço, um custo de produção. Quando este limite for abaixo do custo de produção, não temos condições de continuar produzindo”, explica.
Segundo Rubez, os maiores prejudicados nessa gangorra acabam sendo o produtor e o consumidor. “As grandes redes pressionam para baixar o preço. Na alta, são os consumidores que pagam o preço alto. Na baixa, os produtores amargam os prejuízos. As oscilações não são benéficas para a cadeia produtiva do leite, elas só interessam para alguns varejistas, que querem aumentar sua margem de lucro”, desabafa o presidente da Leite Brasil.
No Brasil existem mais de 1,3 milhões de produtores de leite, sendo 80% deles são de pequenos pecuaristas, responsáveis por 26% da produção nacional. Os 20% dos produtores restantes abastecem 74% do mercado.
“Para o grande produtor, que realmente abastece o mercado nacional, não existe safra ou entressafra. Hoje existem técnicas que conseguem manter um rebanho produtivo o ano todo, fornecendo silagem, feno, farelo, polpa cítrica, sal mineral etc. O termo safra ou entressafra só existe no calendário do varejista para justificar aumento de preços”, ressalta Rubez.
Fonte: Campo News. 15 de outubro de 2009.