Para o analista Fabiano Tito Rosa, da Scot Consultoria, a agropecuária tende ser um bom negócio porque o país reúne todas as condições para criar gado com baixo custo e qualidade. Mas ele alerta que o investimento deve ser planejado para buscas de ganhos a longo prazo. “É preciso tempo para aguardar o aumento de demandas e retorno do capital investido, que é alto inicialmente”, explica.
Além da própria atividade, o investimento na pecuária pode apresentar ganhos com valorização do patrimônio. Segundo Tito Rosa, historicamente, investir em terra no Brasil tem sido um bom negócio, desde que o empresário escolha a região adequadamente.
As características preferenciais são bom potencial agropecuário e possibilidades de expansão da área. “Atualmente, os Estados do Maranhão, Piauí e Tocantins são bem vistos, porque têm fazendas de expansão, com bom potencial e distantes da Amazônia”, diz o consultor.
Tecnologia
O planejamento de longo prazo também deve considerar investimentos crescentes em tecnologia. “Gado e leite são commodities que individualmente oferecem resultado baixo. É preciso ter escala de produção alta, o que requer aumento de área, alternativa mais complexa, ou de produtividade”, explica Tito Rosa.
Para produzir mais, com o mesmo número de animais e sem aumentar espaço de terras, uma das tecnologias que pode oferecer resultados interessantes é a inseminação artificial, apontam os analistas. Segundo o gerente administrativo comercial da CRV Lagoa, Antônio Esteves Azedo, a genética superior gera descendentes com maior capacidade de produção de leite ou mais peso para abate.
Conscientes dessas possibilidades, muitos produtores estão aumentando o uso da tecnologia no Brasil. Segundo dados da Associação Brasileira de Inseminação Artificial (ASBIA), o consumo de sêmen cresceu 11,3% em 2007 em relação a 2006 – foram aplicadas 7,4 milhões de doses contra 6,7 milhões em 2006. Para Azedo, o resultado de 2008 tende a ser melhor. “Ainda não podemos fazer previsões, mas o desempenho da CRV Lagoa no ano mostra que a demanda cresceu expressivamente”.
Touro rende até R$7,5 mil por semana com venda de sêmen
A pecuária ainda oferece outra possibilidade de lucros futuros. A criação de touros com genética superior pode render negócios com a venda de sêmen, comércio realizado por doses. O lucro está associado à procura pelo material de cada touro. Um animal conhecido do mercado e com produção comprovadamente aprovada pode receber de R$25,00 a R$30,00 por dose – são de 150 a 350 por coleta, com recolhimento de até duas vezes por semana, se houver demanda alta.
Se, hipoteticamente, um touro tiver demanda de 300 doses por semana, negociadas a R$25,00 cada, gerará lucro de R$7,5 mil. Mas até chegar a esse nível, é preciso passar por um criterioso processo de seleção - além de investimento alto: os preços podem variar de R$3 mil a R$2 milhões por animal.
“Quando os criadores gostam da produção do touro, os valores se elevam”, explica Antônio Azedo, gerente da CRV Lagoa.
Fonte: Capital News. Agronegócios. 6 de setembro de 2008.