Ministro da Agricultura discute em Bruxelas a redução de exigências para a exportação do produto nacional
Na primeira vez em que o ministro da Agricultura reuniu-se com autoridades da União Europeia para tratar das restrições à carne brasileira, Wagner Rossi obteve uma sinalização positiva no sentido de abrandar as normas de importação. No encontro com Rossi ontem em Bruxelas, na Bélgica, o comissário da Saúde e Defesa do Consumidor do bloco, John Dallique, disse que vai estudar “com cautela” a proposta.
Dados da Secretaria de Comércio Exterior mostram que as vendas de carne in natura para a União Europeia despencaram de 313 mil toneladas em 2006 para 44,7 mil no ano passado. Das mais de 8 mil propriedades que exportavam para o bloco, restaram menos de 2 mil.
– É boa (a presença do ministro) porque eleva o tom da negociação. Esperamos resultados mais rápidos a partir de agora – disse o presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), Otávio Cançado, que integra a comitiva.
Para o consultor Alex Lopes da Silva, da Scot Consultoria, a presença de Rossi pode ajudar a convencer os europeus sobre a qualidade da carne brasileira:
– Nosso sistema de rastreabilidade está consolidado. Só falta um pouco de bom-senso para aceitar regras menos restritivas.
Os problemas comerciais com a UE começaram no final de 2007, quando o bloco determinou a adequação das propriedades ao Sistema de Rastreabilidade (Sisbov) que monitora eletronicamente a performance sanitária de cada animal. Como muitos produtores não cumpriram a exigência, as importações da UE foram interrompidas durante um mês.
O secretário estadual da Agricultura, Gilmar Tietböhl, disse que a reabertura do mercado europeu é fundamental para os produtores locais:
– Nosso mercado interno está aquecido, por isso os danos (das ações restritivas) não são tão grandes. Mas é necessário investir nas alternativas para cenários menos favoráveis.
Hoje, a agenda de Rossi prevê reuniões com o presidente da Comissão de Comércio Internacional da UE, Vital Moreira, e com o comissário de Agricultura e Desenvolvimento Rural, Dacian Ciolos.
115 propriedades gaúchas são aptas
O Rio Grande do Sul tem 115 propriedades aptas a exportar para a União Europeia e quatro em processo de certificação, informa o secretário estadual da Agricultura, Gilmar Tietböhl. No total, as vendas ao bloco ficaram em cerca de 2,2 mil toneladas no ano passado.
Ao lamentar os problemas comerciais com a UE, o diretor executivo do Sindicato da Indústria da Carne e Derivados do Rio Grande do Sul, Zilmar Moussale, traduz em números as possibilidades que podem se abrir com a solução para as restrições:
– Potencialmente, o Estado tem um rebanho de 120 mil cabeças para exportar para a Europa. Isso não é nada.
Fonte: Zero Hora. Economia. Por Flavio Ilha. 13 de julho de 2010.