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Produtor quer trocar soja brasileira por fertilizante russo

por Equipe Scot Consultoria
Quarta-feira, 10 de junho de 2009 -13h47
Uma das estratégias dos produtores brasileiros para reduzir os custos de produção na próxima safra será a permuta de grãos em troca de fertilizante com os fabricantes russos e a compra direta do produto, driblando as tradings

A visita do ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, junto com uma comitiva de representantes do agronegócio brasileiro poderá gerar resultados que vão além da retomada das exportações de carne suína de Santa Catarina para a Rússia. Uma comissão formada por técnicos do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e da Embaixada Brasileira em Moscou está articulando a viabilidade de obter fertilizante em troca da soja produzida no Paraná. Também não foi descartada a possibilidade de realizar a permuta da carne por fertilizantes. “Tínhamos propostas concretas, mas não encontramos a mesma disposição porque o fabricante russo não tem estrutura para receber e comercializar carne. Mas, o transporte de soja do Brasil para Rússia nos mesmos navios que carregam fertilizantes, pode ser viabilizado”, diz Ivan Ramos diretor executivo da Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado de Santa Catarina (Fecoagro).

A entidade junto com a Consórcio Nacional Cooperativo Agropecuário (Coonagro), do Paraná, também participou de reuniões com empresários na Rússia para tentar realizar a compra de fertilizantes direto do produtor, com o objetivo de diminuir as intermediações das tradings e multinacionais que colocam um custo adicional no preço da matéria-prima. “Já estamos agendando reuniões com os representantes no Brasil das empresas visitadas. Queremos fazer um pool e ter um volume mais expressivo para aumentar nosso poder de barganha”, disse Ramos.

A Fecoagro reúne 11 cooperativas e tem uma demanda anual de 300 mil toneladas de fertilizantes, já a Coonagro, com 21 cooperados, consome anualmente 1 milhão de toneladas. “Vamos convidar cooperativas de São Paulo, Goiás e Rio Grande do Sul que trabalhem com importação de fertilizante”, afirmou. A Rússia tem produção anual da ordem de 18 milhões de toneladas e direciona apenas 12% ao seu mercado doméstico.

A estratégia das cooperativas poderá esbarrar nos problemas logísticos do País. Segundo Ramos, uma das reclamações ouvidas pelos brasileiros é a de que os portos locais não estão bem estruturados. Além dos custos elevados das tarifas e impostos, há insegurança dos custos da operação, repercutindo nos exportadores, que são responsáveis pela contratação do frete marítimo. “A estadia do navio no Brasil é de US$30 mil e o exportador tem que pagar os russos”, explica.

Pelas mesmas razões, os russos estão exigindo pagamentos antecipados e vendendo apenas para grandes clientes mundiais. Com o agravamento da crise financeira mundial, fornecedores russos tiveram que reduzir a produção por falta de demanda, e outros enfrentam problemas por falta de liquidez nas vendas. Aliado à quebra de bancos, levou esses produtores a rejeitarem carta de crédito, instrumento tradicionalmente utilizado nas compras de fertilizantes e que eram fornecidas pelos bancos como garantias de compras a prazo. A dificuldade de importar o produto ocorre ao mesmo tempo em que há uma retomada dos preços. De acordo com Rafael Ribeiro de Lima Filho, analista da Scot Consultoria, ainda que não volte aos patamares de 2008, a tendência dos preços dos fertilizantes é de alta até o fim do ano. “As empresas que até fevereiro e março tinham estoques altos já começam a trabalhar com preços novos. A partir de agosto, irá aumentar a procura para o plantio da safra 2009”, disse.

A maior preocupação gira em torno dos fertilizantes a base de potássio, cuja dependência brasileira está acima de 90% e foi o único insumo registrou alta desde o início do ano. De janeiro até agora, a cotação do produto já subiu 12%, para R$1.870/ton.

Petrobras

André Puccinelli, governador do Mato Grosso do Sul, deve se reunir hoje com representantes da Petrobras para atrair para o Estado uma unidade de nitrogenados da empresa. A estatal deve construir em três anos uma fábrica que processará 1 milhão de toneladas de uréia e 600 mil toneladas de amônia por ano.

Fonte: DCI. Agronegócios. Por Priscila Machado. 10 de junho de 2009.