A nova empresa de alimentos nascida da união entre Perdigão e Sadia poderá produzir preços mais baixos, na avaliação de analistas consultados pelo Último Segundo. A idéia é que, com maior força de negociação, os custos para o consumidor - especialmente para frangos e derivados da carne suína – tendam a ficar menores.
A fusão irá criar a maior empresa de alimentos do Brasil e, para produtores, gera preocupações devidas à redução da concorrência. Com menos uma empresa do porte de Sadia ou Perdigão para negociar com produtores, os preços podem cair.
De acordo com a consultora da Scot Consultoria, Lygia Pimentel, embora não seja o foco de atuação da Sadia ou da Perdigão, o preço da arroba do boi, no atacado, por exemplo, poderá ser reduzido. “Isso é resultado da diminuição da concorrência. No mercado atual, esta redução não é repassada para o varejo. Com a nova empresa, pode vir a ser repassado”, avalia.
Impacto expandido
O impacto pode ser expandido para os segmentos de frango e carne suína, principais produtos das duas empresas. “No varejo, os preços são regulados pelo consumidor. Os preços caem quando diminuem as vendas, ou seja, o consumidor deixa de comprar. Uma pressão maior, com a nova empresa, pode afetar esta relação”, destaca ela.
O diretor técnico da Agra FNP, José Vicente Ferraz, tem avaliação semelhante. Do ponto de vista do varejo, o surgimento de uma empresa da indústria alimentícia do porte da gerada com a fusão faz frente ao poderio das grandes redes varejistas. “Para o mercado, é até saudável que existam empresas com essa musculatura para negociar com as varejistas”, afirma Ferraz.
Competitividade
Ele também pontua que a entrada de novas empresas do setor de alimentos no Brasil, como o caso da norte-americana Tyson Foods, instalada no sul do país, e o desenvolvimento de outras marcas brasileiras também podem manter o mercado competitivo.
“Há a falsa impressão de que são poucas empresas nesse mercado. Lógico que a Sadia e a Perdigão eram as maiores, mas existem dezenas de empresas no setor”, destaca. No caso de abuso do poder da nova empresa, Ferraz ressalta que haverá reação do mercado, cabendo ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) avaliar cada caso.
Perfil atrativo
A nova empresa também deve ser atraente para os investidores mesmo com as dívidas apresentadas por ambas, de acordo com avaliação da consultoria Gradual Investimentos. A rota futura escolhida pela empresa deve ser recorrer a empréstimos para quitar as dívidas, que no caso da Perdigão inclui compromissos em dólar, ainda que não tenha entrado no campo das operações cambiais chamadas de derivativo. A medida, segundo o analista, dará sustentabilidade à nova empresa, que nascerá entre as cinco maiores companhias de capital aberto do país.
Segundo a equipe da Gradual Investimentos, este fator beneficia a nova empresa, podendo atrair investidores. O fato de as atividades das duas companhias serem muito próximas também agrega valor à união, já que a estrutura de uma poderá ser integralmente aproveitada pela outra.
Fonte: Último Segundo. Por Sarah Barros. 19 de maio de 2009.