A cotação do leite no mercado interno mantém-se em alta, imune à estagnação dos preços no mercado internacional. As expectativas eram de preços altos para o produto. No leilão mensal de aquisição promovido pela Fonterra, maior compradora mundial de leite, as cotações recuaram 4,1% em relação ao pregão anterior (realizado em março). Com isso, o preço pago pela tonelada caiu para US$2,1 mil. Em relação ao mesmo período do ano anterior, a queda na cotação chega a quase 7%, afirma Otavio Farias, da Alliance Commodities.
De acordo com números divulgados pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) e analisados por Cristiane de Paula Turco, da Scot Consultoria, em abril, o Brasil apresentou novo déficit na balança comercial de lácteos. Desta vez foi de aproximadamente US$7 milhões. Em março, o saldo negativo foi de mais de US$11 milhões.
No mês passado, o País exportou o equivalente a US$10,74 milhões em lácteos e importou outros US$17,73 milhões. No acumulado de 2009, o déficit na balança do setor já supera os US$23 milhões. “Em equivalente litros de leite, ou seja, quando se transforma todos os produtos na quantidade de leite necessária para produzi-los, o País está com um déficit de 133 mil toneladas”, ressalta Cristiane. Ainda de acordo com ela, saíram cerca de 204 mil toneladas de equivalente em litros e entraram 336 mil toneladas.
Levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), aponta alta de 2,81% no preço do litro de leite comercializado nos sete estados (RS, SC, PR, SP, MG, GO e BA) que compõem a “média nacional” ponderada por volume. “Isso significa que o valor bruto médio recebido pelo produtor em abril referente à produção entregue em março foi de R$0,6258 por litro”.
Segundo o Cepea, os maiores aumentos ocorreram em Minas e Goiás, reajustes de 4,63% e 5,02% respectivamente. Para os mineiros, o valor médio bruto chegou a R$0,6338 o litro e, para os goianos, o valor pago pela mesma quantidade da bebida subiu para R$0,6155. “Com isso, esses estados voltaram a ocupar a segunda e terceira posições de maiores preços no País, o que não ocorria desde o final do ano passado, atrás apenas de São Paulo”.
Ainda de acordo com os dados do Cepea, o Índice de Captação de Leite registrou em março queda de 3,84% em relação ao volume captado em fevereiro. “A diferença em relação ao índice do mesmo período do ano anterior, que vinha aumentando mês a mês, começa a diminuir. Em fevereiro, o índice foi 8,6% menor em relação ao apurado no mesmo mês do ano anterior e, em março, a diferença baixou para 5,3%.
Essa produção, de acordo com os analistas do Cepea, teria sido determinante para elevar os preços recebidos pelos produtores, mas o resultado requer ainda a análise da demanda, que pode ser feita a partir dos preços dos derivados. Levando-se em conta o mercado atacadista do estado de São Paulo e os derivados pesquisados pelo Cepea (pasteurizado, UHT, queijos prato e mussarela, leite em pó e manteiga), em março, houve aumento médio de 3,3% em relação aos preços de fevereiro. Em fevereiro, comparado a janeiro, o reajuste havia sido de 1%.
Fonte: Gazeta Mercantil. Finanças & Mercados. Por Gilmara Botelho. 19 de maio de 2009.