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Carne de boi exportada valoriza mas câmbio anula recuperação

por Equipe Scot Consultoria
Terça-feira, 1 de setembro de 2009 -10h34
Tonelada foi vendida em agosto a US$3.535,8 ante US$2.976,4 em janeiro; no mesmo período dólar caiu 18%

Os preços da carne bovina exportada pelo Brasil subiram 18,8% em dólar entre janeiro e agosto. A tonelada, que era vendida a US$2.976,4 em janeiro, fechou o mês passado a US$3.535,8, o mais elevado desde dezembro do ano passado, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Mas, apesar da recuperação dos preços em dólar, quando os valores são convertidos para reais o resultado para os frigoríficos ainda é negativo em 2009. A moeda americana acumula uma desvalorização de 18% neste ano, o que praticamente anula a recuperação das cotações internacionais. “O que indica uma luz no fim do túnel é que o dólar parou de cair nas últimas semanas”, afirma Fabiano Tito Rosa, analista da Scot Consultoria.

Em média, os preços da carne brasileira no mercado internacional apresentaram uma valorização mensal de 2,25% ao mês neste ano. Na opinião de Tito Rosa, se o ritmo de crescimento dos preços se mantiver nos patamares atuais e o dólar nos níveis de hoje, ao redor de R$1,90, é possível que os frigoríficos registrem um ganho real ainda em 2009. “Dessa forma, as indústrias conseguirão melhorar ainda mais suas margens, já que no mercado interno elas já conseguiram essa melhora nos resultados”, afirma.

As margens das indústrias voltaram a melhorar em agosto. No mês passado, os frigoríficos viram seu produto ter uma valorização no atacado e, paralelamente a esse movimento, os preços do boi gordo, principal insumo da indústria, acumularam uma retração. No atacado de São Paulo, o quilo do corte dianteiro terminou o mês sendo negociado a R$6,00, valor 1,52% superior ao observado no final de julho. No caso da arroba, o indicador Esalq, que sinaliza os preços no mercado físico, teve uma queda de 5% no mês passado.

Segundo Tito Rosa, o que ainda não se sabe é se esse aumento nas margens será repassado aos pecuaristas. “Mesmo operando com oferta reduzida os frigoríficos resistiam em pagar mais pelo boi, deixando de abater em muitas situações”, afirma. Para ele, o repasse dependerá da oferta de animais no mercado. “Agora que a operação está mais interessante é possível que os frigoríficos aceitem pagar um pouco mais pela arroba para manter o fornecimento e atender os pedidos, já que existe uma tendência de retomada das exportações”, afirma.

Apesar da expectativa positiva em relação ao mercado externo, os dados divulgados hoje pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex) mostram que o desempenho das exportações brasileiras de carne bovina foi negativo. Em agosto foram exportadas 72,6 mil toneladas, volume que representa uma queda de 11,6% em comparação ao resultado de julho e de 24,4% ante agosto do ano passado. Em receita a situação é semelhante. As vendas externas somaram US$256,7 milhões em agosto, desempenho 7,6% inferior ao de julho e queda de 38,5% sobre a receita do mesmo período do ano passado.

No acumulado do ano, as exportações brasileiras também apresentam um resultado negativo, apesar da melhora dos preços médios. Entre janeiro e agosto os embarques de carne bovina somaram 609,52 mil toneladas, volume 14,4% inferior ao registrado no mesmo período do ano passado, quando foram exportadas 711,67 mil toneladas. Nos oito primeiros meses deste ano, a receita com as exportações foi de US$1,89 bilhão, uma retração de 30,3% em comparação ao mesmo período de 2008.

Fonte: Estado de São Paulo. Por Alexandre Inácio. 1 de setembro de 2009.