Os produtores poderiam estar lucrando ainda mais se tivessem uma oferta maior de bois para o mercado. O problema do Brasil não está na falta de terras para a produção, mas no baixo uso de tecnologia no campo. Segundo a consultora de mercado Gabriela Tonini, da Scot Consultoria, os produtores poderiam aumentar a proporção de bois por hectare, que hoje é de 1,1, para 2 “sem muito esforço”.
Essa mudança elevaria a produção de carne para o próximo ano, estimada em até 9,5 milhões de toneladas, para 15 milhões de toneladas.
– Temos muito a melhorar ainda. Não apenas na ocupação do pasto pelo gado, mas em medidas para evitar que o boi perca muito peso durante a seca – comenta Gabriela.
O Brasil tem 185,3 milhões de cabeças de gado – quase o dobro que o rebanho dos Estados Unidos, de 94 milhões de cabeças, segundo a consultora. A diferença é que o país do hemisfério Norte produz muito mais carne do que o Brasil porque tem um sistema “mais eficiente”, além de um modelo diferente do nosso, baseado no confinamento do gado.
– Temos um índice baixo de abatimento: apenas 20% do rebanho é utilizado para suprir o mercado. A idade média de abate também é elevada: entre 4,8 e 5 anos. Estes dois fatores poderiam ser melhorados sem muito investimento – afirma.
Investindo em tecnologia de baixo custo, o produtor poderia diminuir a taxa de mortalidade, o tempo da primeira cria – ou seja, a natalidade do gado –, e a fase de engorda.
Fonte: Diário Catarinense. 5 de dezembro de 2010.