Scot Consultoria
www.scotconsultoria.com.br

Custo de produção de carne seguirá elevado

por Equipe Scot Consultoria
Domingo, 10 de abril de 2011 -14h27
Produtores de carnes têm gasto menos com insumos para ração neste início de ano, mas vêem como pontual o recuo das cotações e esperam fechar 2011 com custos de produção estáveis ou até superiores.

Os preços de farelo de soja, amendoim e até milho, usados na ração animal, caíram nos últimos dois meses, pressionados pela entrada da safra.

Entretanto, a perspectiva é de recuperação dos preços desses itens ao longo do ano, com demanda superior à oferta. Levantamento da Scot Consultoria mostra que a cotação do farelo de soja diminuiu 11% em março ante fevereiro, para R$705 a tonelada. O produto iniciou o ano cotado a R$ 797/tonelada.

“Há uma pressão no valor do farelo de soja em função da colheita, que traz um pouco mais de oferta ao mercado”, explicou o zootecnista e consultor da Scot, Alex Santos Lopes da Silva.

Segundo ele, o produto é considerado balizador e outras proteínas também registraram recuo, como é o caso do farelo de amendoim, que teve queda de 10% desde o início do ano, cotado a R$625/tonelada.

O milho (grão), um concentrado energético e muito utilizado nas rações, também caiu em março ante fevereiro: 6%. “O problema é que esses recuos parecem ser pontuais, já que têm o efeito momentâneo de pressão da colheita. No longo prazo, acredito que as cotações desses insumos ficarão firmes e em patamares altos em relação ao ano passado”, disse Silva. De acordo com cálculos da Scot, a cotação atual do farelo de soja ainda supera em 12% a de março de 2010, assim como o valor do farelo de amendoim é 18% superior e o do milho, 65% em relação ao do mesmo período do ano passado.

Confinamento - Para a assessora técnica de pecuária de corte da Federação da Agricultura e
Cristiane de Paula Rossi Carvalho, a queda recente dos insumos animou os confinadores de bovinos do Estado, o maior em volume do País, com 850 a 900 mil cabeças/ano. “Tudo o que favorecer preços menores de custos é bom para o pecuarista. Mas precisamos ficar de olho se esse comportamento durará no ano, o que achamos difícil de isso ocorrer. O que realmente deve impulsionar um aumento de volume de confinados para esse ano é o preço atrativo futuro do boi gordo, que acaba compensando a alta de custos", disse a assessora da Faeg.

A Associação Nacional dos Confinadores (Assocon) está terminando a primeira pesquisa de intenção de confinamento para 2011, mas dados preliminares indicam que os confinadores deverão gastar aproximadamente 35% a mais neste ano com as dietas dos animais.

A alimentação é responsável por cerca de 25% do custo operacional do confinamento (o restante dos gastos é com o boi magro).”Não tenho dúvidas de que os insumos estarão bem mais elevados do que 2010. O que o confinador deverá fazer para manter sua rentabilidade é a combinação de dietas, balanceando os custos de cada produto”, disse o zootecnista da Assocon, Bruno Andrade, ressaltando que o volume de confinados deste ano será maior que 2010, mas não citou porcentual.

Já a Scot prevê um incremento de 15% na oferta de bois de confinamento em 2011 ante 2010.

Aves e suínos - Representantes dos segmentos de aves e suínos também preveem preços sustentados para os insumos neste ano. Para o diretor de mercado interno da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs), Jurandi Soares Machado, os recuos recentes do farelo de soja e dos outros insumos são momentâneos. “Essas quedas são pontuais, por conta da colheita e não há efeito significativo nos custos de produção do setor. A demanda tanto interna quanto externa continuará maior que a oferta. Portanto, vejo preços sustentados até o final do ano, principalmente do milho”, declarou. O farelo de soja tem peso de 16% na alimentação dos suínos, enquanto o milho, 70%.

O presidente da União Brasileira de Avicultura (Ubabef), Francisco Turra, concorda: “Não vamos ter refresco com os preços dos grãos em 2011, eles se manterão em patamares altos. No caso do milho, nem mesmo os leilões (do governo, com oferta de estoques) e a safra serão suficientes para atender a demanda e diminuírem os preços”, declarou.

Fonte: Agência Estado. 10 de abril de 2011.