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Briga com a carne bovina agrava crise

por Equipe Scot Consultoria
Sábado, 21 de maio de 2011 -17h29
Rafael de Lima Filho, da Scot Consultoria, especializada em agronegócio, explica que, além do alto preço dos insumos e do menor faturamento nas exportações, as indústrias brasileiras têm que lidar com o excesso de oferta no mercado interno.

Por conta da superação da demanda pela oferta, afirma ele, o preço do frango caiu quase 30% em três meses. Em fevereiro, o quilo do produto era vendido por R$2,10. Hoje, está custando cerca de R$1,50.

As razões que estão impulsionando o excesso de oferta estão nas dinâmicas atuais do mercado interno e externo do setor. No mercado interno, segundo o consultor, a demanda está patinando porque a carne bovina, a preferida do consumidor brasileiro, está mais barata.

No mercado externo, Rafael avalia que a questão cambial não é um fator que inviabiliza as exportações, mas que diminui a rentabilidade das empresas e que pode acarretar queda de volume exportado.

O consultor acrescenta que, superada a crise econômica, a produção da carne de frango alavancou no país.

– O setor crescia com base em um mercado externo forte e agora acompanhamos uma demanda externa similar a do ano passado. Vencida a crise, em 2010, as indústrias acreditaram na recuperação do setor e produziram 3% ou 4% a mais do que no ano anterior. Só que a demanda não acompanhou este crescimento.

Milho e soja devem continuar mais caros

Rafael prevê que os preços do milho e da soja permanecerão superiores aos de 2010 até o final deste ano.

– A maior parte da produção avícola está nas mãos das grandes integradoras, que terão o poder de controlar a oferta do produto no mercado. A primeira medida da indústria, diante deste cenário de aumento de custos e diminuição de lucros, será reduzir a produção, o que, acredito, acontecerá em breve – conclui.

Francisco Turra, presidente da União Brasileira de Avicultura (Ubabef), ressalta que, se o cenário continuar complicado, todas as indústrias brasileiras vão enfrentar retração:

– Não haverá ilha privilegiada. Grandes indústrias catarinenses já anunciaram a possibilidade de redução na produção.

Na contramão das previsões do mercado, a Brasil Foods (BRF), fusão da Sadia e da Perdigão, anunciou um investimento de R$1,4 bilhão na produção de frango integrada, que será dividido entre as regiões Sul e Centro-Oeste. Segundo a empresa, o dinheiro está destinado à construção de novos aviários, em sistemas já integrados e independentes, mas que pretendem se integrar. Também, será investido na ampliação e modernização de aviários.

Fonte: Diário Catarinense. 21 de maio de 2010.