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Escalada do preço do milho pode chegar a R$36 a saca

por Equipe Scot Consultoria
Quinta-feira, 26 de maio de 2011 -17h24
Commodity, cujo valor dobrou recentemente se comparado ao ano passado, parece que ainda tem fôlego para quebrar mais recordes durante 2011 - São Paulo

O preço do milho no Brasil deve seguir elevado nos próximos meses, dado principalmente a previsão de uma safrinha menor em alguns estados, um estoque de passagem mais curto e o aumento nas exportações nesses primeiros meses do ano. Analistas de mercado ouvidos pelo DCI acreditam que o preço da saca alcance, no segundo semestre, o recorde de R$36, contra os R$32 registrados em fevereiro deste ano.

As exportações de milho do Brasil aumentaram 38% de janeiro a abril deste ano, na comparação do mesmo período do ano passado. Os volumes registrados neste ano foram de 2,72 milhões de toneladas, contra 1,97 milhão obtido no mesmo período do ano anterior. Segundo o analista Rafael Ribeiro, da Scot Consultoria, para manter os preços do produto nos patamares atuais, o governo brasileiro realizou alguns leilões para escoamento de safra. “Sem dúvida, esses leilões realizados pelo governo serviram para manter o preço do milho nesses patamares. Tanto que nesses primeiros quatro meses os montantes embarcados foram bem superiores ao ano passado”, afirmou o analista ao DCI. Aliado a isso estão as incertezas a respeito da produção da safra de inverno em grandes regiões produtoras como o Mato Grosso.

O estado, que figura entre os três maiores produtores da safrinha de milho, enfrentou o atraso na colheita da soja e o excesso de chuvas durante o período de semeadura quando boa parte da lavoura foi estabelecida fora do período recomendado, ficando comprometida a produtividade desta parcela.

A Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja) acredita que a quebra de safra no estado possa chegar a 2 milhões de toneladas, reduzindo a expectativa de produzir 7,56 milhões de toneladas, para menos de 6 milhões. “A área de milho no Mato Grosso teve uma redução na ordem de 10% ante o ano passado. Caímos dos 1,94 milhão de hectares vistos em 2010 para pouco menos de 1,75 milhão. A causa para essa redução foi a migração dos produtores para o cultivo do algodão, que pagava melhor. O clima também está atrapalhando e desses 1,75 milhão de hectares, 500 mil hectares de milho foram plantados fora do prazo, isso classificou a colheita do grão de alto risco, pois invadiria o período de seca, e foi exatamente isso que aconteceu. Com certeza teremos redução da safra de milho, talvez 1,5 milhão ou até 2 milhões de toneladas”, contou o diretor da entidade Carlos Fávaro.

O superintendente do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), Otávio Celidonio, foi procurado por muitos produtores para reclamar da baixa produtividade da safrinha de milho, que em alguns casos cai pela metade. Para ele, os preços do milho atingiram um novo patamar de preço, e não devem recuar. “Essa consolidação no preço do milho é mundial. Estamos com problemas de estoques e isso não será minimizado com a entrada dessa safra. No Mato Grosso, o atraso no plantio atrasou a colheita e a perspectiva de queda em função disso já existia desde o principio”, argumentou.

A alta no preço do milho começou no segundo semestre do ano passado, quando saiu de R$16 a saca de 60 quilos em São Paulo, para os atuais R$30 a saca, ou seja, dobrou o preço. Em fevereiro deste ano, a saca do produto alcançou a maior marca de sua história, segundo o analista da Scot, cerca de R$32. A expectativa de todo o setor é de manutenção nesse patamar, variando entre R$28 e R$32. “O estoque de milho está 15% menor este ano ante 2010. Então, essa oferta mais justa em relação à demanda acabou pressionando o mercado. A expectativa para o próximo semestre é de aumento dos preços, isso se continuar essa demanda firme e for confirmada a quebra de produção. Com isso poderemos ver preços de R$36 a saca, que será o maior da história”, concluiu Ribeiro.

Já Fávaro argumentou que a alta de 115% nos preços do milho no Mato Grosso, não transformou nenhum produtor em milionário, já que o valor obtido trouxe apenas uma pequena margem de lucro, ante o prejuízo visto no ano passado.

Fonte: DCI. Agronegócios. Por Daniel Popov. 26 de maio de 2011.