Os frigoríficos decidiram abrir fogo contra as exportações de bovinos vivos e pedem ao Ministério do Desenvolvimento a taxação dos embarques em 30%.
Segundo exportadores, a alíquota inviabilizaria totalmente as exportações de bovinos vivos, que somaram US$440 milhões em 2011.
Protocolada anteontem, a petição é assinada pela Abiec (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne), Uniec (União Nacional da Indústria de Carne) e Abrafrigo (Associação Brasileira de Frigoríficos).
No documento, elas afirmam que a exportação de gado em pé é um “retrocesso”, pois “faz com que o país deixe de gerar renda, arrecadar tributos e criar empregos”.
Também apontam o aumento das exportações de bovinos vivos como uma das razões para a limitação da oferta de boi para o abate nos últimos anos, elevando a capacidade ociosa das indústrias.
O Brasil exportou, no ano passado, 402 mil bovinos vivos, o equivalente a 1% do abate total no país.
“Como uma atividade que representa 1% do abate pode prejudicar tanto o setor?”, diz Alexandre Carvalho, diretor da Abeg (Associação dos Exportadores de Gado).
Alex Lopes da Silva, analista da Scot Consultoria, diz que a escassez de animais, verificada a partir de 2007, foi motivada pelo intenso abate de matrizes em anos anteriores e não tem relação com a exportação de gado em pé.
“A atividade agrega valor ao pecuarista, que recebe um prêmio para vender o gado para exportação em relação ao valor pago pelos frigoríficos”, afirma Silva.
A polêmica está concentrada no Pará, responsável por 95% dessas exportações. No Estado, o gado que é exportado em pé representa de 15% a 20% do abate, segundo Gastão Carvalho Filho, diretor da Boi Branco, uma das principais exportadoras do país.
“Com a exportação de boi vivo, apareceu um competidor para a indústria frigorífica, que encontra barreiras para reduzir o preço”, diz.
Fonte: Folha de São Paulo. Por Tatiana Freitas. 29 de fevereiro de 2012.