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Águas para vacas leiteiras

Sexta-feira, 28 de março de 2008 -14h13
Do ponto de vista nutricional, a água é um nutriente essencial para a vaca leiteira, em virtude de ser necessária para manutenção dos fluidos corporais, equilíbrio iônico, para digestão, absorção e metabolismo de nutrientes, para eliminar metabólitos e para termorregulação.

A água que a vaca lactante dispõe provém da água que bebe, da fração dos alimentos, principalmente volumosos, e da formada metabolicamente pela oxidação de nutrientes orgânicos. As perdas de água ocorrem por salivação (parcialmente recuperada), urina, fezes e leite, através de suor e por evaporação da superfície do corpo e do trato respiratório.

A quantidade de água perdida pelo corpo do animal é influenciada pela quantidade bebida, atividade do indivíduo, temperatura ambiente, umidade do ar, taxa respiratória, composição da dieta, estágio reprodutivo, etc.

A restrição de bebida, para vacas leiteiras, induz à queda da produção. Aliás, as vacas sofrem deficiência do líquido mais rapidamente do que qualquer outra deficiência nutricional. Entre todos os animais domésticos, são os que necessitam de maior quantidade de água em proporção ao tamanho do corpo, principalmente devido à quantidade que perdem no leite secretado, lembrando que o mesmo apresenta 85 a 87% do líquido.

De maneira geral, o organismo da vaca leiteira apresenta 55 a 65% de água, sendo que animais mais obesos apresentam menor proporção de água no organismo que animais magros. A quantidade de água que vacas consomem depende de vários fatores como: ingestão de matéria seca, condições climáticas, composição da dieta, fase de lactação, entre outros.

Observa-se que ocorre uma ampla variação individual no consumo de água: animais que estão ganhando peso demandam maior quantidade de água que aqueles que estão perdendo; vacas prenhes consomem mais água que vacas vazias, notadamente nos três últimos meses de gestação; vacas lactantes consomem mais água que vacas não lactantes, mesmo que ambas apresentem consumo de matéria seca semelhante.

Em relação à influência climática, observa-se que em temperaturas de – 17ºC a 27ºC, a ingestão de água pode ser estimada como 3,5 litros a 5,5 litros para cada quilo de matéria seca consumida.

TEMPERATURA DA ÁGUA E ESTRESSE TÉRMICO

Outra informação importante refere-se à temperatura da água ofertada. Diversos experimentos de pesquisa demonstram que o resfriamento da água a 10ºC, em relação à 28ºC, implica em um consumo de alimentos 15% maior e uma produção de leite 11% mais alta. Contudo, quando as vacas tinham oportunidade de escolher qual água preferiam, bebiam aquela próxima a 30ºC, sendo que 97% da água consumida foi ofertada à maior temperatura e mais de 70% das vacas beberam apenas água morna (30ºC).

Já em outro experimento, não foram observadas diferenças, na estação de verão, entre vacas consumindo água com temperatura de 25ºC ou 15ºC.

Outra condição que implica em grande variação no consumo de água, refere-se ao estresse dos animais. Os trabalhos de pesquisa demonstram que vacas em “estresse” térmico consomem 1,0 a 2,0 vezes mais água que quando em conforto térmico. Não se sabe exatamente quanto uma vaca consome em condições de estresse, principalmente térmico, pois os fatores a serem considerados são muitos: nível de ingestão de matéria seca, a forma física da dieta, o estado fisiológico do animal, sua raça, a acessibilidade e a temperatura da água, entre outros.

Por fim, a principal consideração a ser feita sobre a água como nutriente é que ela deve ser fornecida durante o ano todo, devendo apresentar-se limpa, protegida do sol e de preferência próxima aos animais, de forma a diminuir o acréscimo de atividade pelo caminhamento, principalmente durante a estação de verão, onde se observa maiores temperaturas e maior estresse térmico dos animais.



rogério m. coan é zootecnista - doutor em produção animal - diretor da coan consultoria e coordenador da divisão técnica da scot consultoria




felipe do amaral gurgel é zootecnista - consultor técnico da coan consultoria.