Estou viajando de moto, caro leitor. Ficarei praticamente um mês na estrada e rodarei Goiás, Tocantins, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, totalizando mais de 5 mil quilômetros. Estou fazendo essa viagem porque havia outra viagem programada, para outro destino, mas acabou não dando certo, daí resolvi aproveitar a “janela” de tempo e fazer um teste com o meu equipamento completo para a viagem do ano que vem para o Chile.
Mesmo viajando, estarei em Goiânia na terça-feira (15/09) para o Interconf. Bom, espero conseguir entrar, né? É um evento concorrido e acabei me esquecendo de fazer a inscrição, e não sei se tem mais vagas! Se entrar, espero encontrar vocês por lá para um bate-papo.
Vamos ao mercado. Na semana passada o mercado do boi gordo parou de cair. A impressão que se tem é de que a arroba ao redor de R$76,00 à vista está sendo um excelente suporte para os preços.
Observe o gráfico 01. A arroba está caindo forte desde julho e parece que encontrou um piso decente. No ano passado, só para recordar, ocorreu algo parecido com isso. A arroba caiu até meados de setembro também e marcou um importante piso de curto-prazo lá atrás.
Piso de curto-prazo, entenda-se bem: depois de ela ter atingido o piso em meados de setembro a arroba subiu durante um mês até meados de outubro. E então veio a crise, e os preços desabaram.
Pode ocorrer algo parecido agora? Não sei, caro leitor, mas deixe-me passar as impressões que estou tendo. São só as minhas impressões, por favor, e não tem nenhuma finalidade de prever os preços e nem possuem crédito nenhum. Vamos só bater papo aqui.
Há alguns dias fui ao supermercado e me surpreendi com o tamanho da fila do açougue. Sou eu quem na maioria das vezes faz as compras lá para casa, então o açougue é o meu principal destino quando chego ao supermercado. Vou lá exatamente para “ver” de perto o consumo. Na semana passada a fila estava imensa, devia ter umas 20 pessoas.
Uns dias antes, eu estava lendo reportagens nos jornais de grande circulação e as notícias eram animadoras — a população consumindo mais carne por causa da queda dos preços.
“Hoje estou levando cinco quilos para casa. Antes só levava quatro quilos”, disse uma dona-de-casa em uma dessas reportagens.
Li algo parecido em uns três jornais e fiquei pensando. Será que o consumo interno voltou a marcar presença? Vocês se lembram que há uns meses comentei que o consumo interno parecia ser uma das principais causas de os preços da carne estarem tão fracos, e uma notícia assim nos jornais me pegou positivamente em surpresa. Agora só faltava comprovar isso na prática.
No supermercado tive esse primeiro
feeling de que algo está mudando. A outra evidência me ocorreu em Campo Grande.
Estava indo de moto pela estrada e uma chuva atravessando Campo Grande me pegou de surpresa. Apesar de já ter viajado na chuva de moto, desta vez não quis ir em frente. Entrei na cidade, arrumei um local para ficar e fui ao
shopping.
O que vi, sinceramente, me deixou de queixo caído. O
shopping estava lo-ta-do! Eu não esperava por isso. Tinha gente de todo tipo, estudantes, casais, mães, gente à toa como eu. Mas estava mais cheio que o poderia ser considerado normal, e digo isso porque normalmente quando estou em capitais tendo a ir conhecer os
shoppings, e se em Campo Grande estava assim, deve estar ocorrendo algo parecido em outras capitais.
As pessoas podem ir ao
shopping só para passear, claro, e tive o cuidado de reparar se estavam carregando sacolas de compras. De fato, estavam, e muitas sacolas.
Obviamente são observações pontuais, mas que me deixaram pensando.
Então observamos o gráfico 02 e constatamos que isso de fato pode estar ocorrendo. Depois da febre de comprar carros e apartamentos, será que sobrou dinheiro para comprar mais carne? É o que parece.
Como estão as vendas nos supermercados, de um modo geral? Estão aos poucos revertendo a desaceleração do início do ano, o que é um bom sinal.
O mercado futuro parece também imaginar que esses níveis de preço são o fundo do poço.
Mas o mercado futuro é aquela história: enquanto o mercado físico não reagir, será difícil para os futuros precificarem uma alta mais expressiva do que já estão nos mostrando.
Mas fiquem atentos porque normalmente, se o mercado virar para cima, notaremos isso ANTES no mercado futuro, pois ele tende a ser mais rápido do que o físico e antecipa a tendência, normalmente se ajustando em até uma semana antes do mercado físico.
Vamos ficar atentos. A coisa parece que está ficando interessante novamente.