Minha visita a Belo Horizonte tem a ver com a questão da reforma agrária no Brasil. Mais detalhes em breve.
Mas visitando a cidade, e com a notícia da pesquisa do Ibope encomendada pela CNA, uma reflexão me ocorreu. Belo Horizonte, assim como São Paulo, o Rio, Porto Alegre e outras metrópoles brasileiras têm prédios interessantes, alguns belíssimos.
O casario dos antigos bairros nobres são ecos de um tempo passado de fausto e riqueza. Mas a cidade sofre de um mal inerente às grandes aglomerações urbanas, o inchaço. As favelas são evidentes nos morros, o centro se torna decadente, sujo e mal cuidado e a violência urbana prolifera. Aqui e ali existem ainda trabalhos de recuperação do patrimônio e preservação da arquitetura, mas as coisas estão longe de ser o que foram um dia.
O resultado disso é a privatização dos espaços urbanos, com
shoppings, prédios residenciais e condomínios fechados. Alguns brasileiros com quem convivi na Europa achavam absurdo um país como a Holanda, por exemplo, não ter
shoppings como os que haviam em São Paulo, ou condomínios e prédios com piscina, academia e essas coisas.
O que parece ser um sinal de desenvolvimento no Brasil é ao contrário, um símbolo de nosso atraso. A Holanda não precisa de
shoppings porque o centro das cidades é limpo, bonito, arrumado, preservado e ninguém corre o risco de ser assaltado enquanto faz compras. Não há condomínios fechados porque os bairros residenciais são limpos (exceto os de imigrantes), iluminados, seguros, ajardinados.
Essa privatização do espaço urbano brasileiro é um sinal inconteste da incompetência do Estado.
Agora diriam que o inchaço das metrópoles é fruto do êxodo rural. Para responder a isso recorro a um texto de Diogo Mainardi:
"A reforma agrária se tornou um instrumento arcaico, contraproducente. O Brasil precisa de uma agricultura de larga escala, mecanizada e exportadora, não de culturas de subsistência. Nesse sentido, o governo deveria limitar-se a decuplicar os impostos sobre terras improdutivas. Os candidatos conseguem seduzir a classe média com o argumento preconceituoso de que a reforma agrária pode contribuir a fixar os brasileiros no campo, impedindo que as massas de miseráveis migrem para as cidades. Só que o problema do país não é o excesso de migrantes, e sim a falta de cidades. Mais de 30% das cidades brasileiras não têm bancos, e mais de 90% não possuem cinemas. Ou seja, não são realmente cidades, mas meros currais eleitorais. O Brasil necessitaria de uma reforma urbana, não de mais hortas de feijão. A urbanização é a única garantia de empregos e mobilidade social".
Resumindo, o Brasil não precisa de uma reforma agrária, precisa de uma reforma urbana. Precisa fazer com que as pequenas cidades do interior se desenvolvam, atraiam indústrias, fábricas, tenham agências bancárias, hospitais (o estado de Mato Grosso do Sul inteiro vem se medicar em Campo Grande, por exemplo) e obviamente escolas e saneamento básico.
O que faz uma cidade mixuruca se desenvolver? Infra-estrutura. É nisso que o dinheiro mal gasto da reforma agrária deveria ser aplicado.
Pela pesquisa da CNA, 46% dos beneficiados com o Programa da Reforma Agrária já venderam suas terras (o que é ilegal, diga-se de passagem), 37% não produzem rigorosamente nada, 10% não produzem o suficiente nem para a família e 24% produzem o suficiente só para a família.
A reforma agrária brasileira é um mito, é um escancarado desperdício de dinheiro público. Só quem se beneficia com ela é a chefia do MST, um bando de delinquentes que excreta uma ideologia assassina a uma multidão de miseráveis em troca de poder.