Olá, caro leitor. Bom te ver novamente por aqui. Saiba que é bom voltar a escrever depois dessas semanas de folga. Estava sentindo falta.
Vamos começar o ano dando fazendo um passeio bem leve e superficial pelos principais gráficos da pecuária para nos conectarmos novamente ao mercado depois dessas semanas parado. Semana que vem a gente volta a aprofundar a coisa. Primeiro vamos olhar para a arroba do boi.
Que ano, não? Excepcional. A arroba subiu o ano de 2010 inteiro; meio tímida no primeiro semestre, iludindo a gente, fazendo a gente pensar que ela era mais calminha... só para abrir o sorriso, para nosso deleite, e demonstrar quem ela realmente é no segundo semestre.
Ainda estamos nessa fase de alta, apesar dos preços não estarem mais no pico. A alta a qual me refiro aqui tem a ver com o canal de alta atual. Observe que estamos trabalhando acima desse canal de alta, traçado em verde aqui no gráfico. Estaremos em alta até pelo menos a arroba romper para baixo 95 reais que, segundo a bolsa, esse rompimento irá ocorrer por volta de abril ou maio.
Deixe aqui dar a minha opinião sobre esses 95 reais de piso. Pode vir abaixo disso?
Pode sim. A arroba poderia vir até 85 reais, tecnicamente falando, quando olho para outro estudo que não coloquei aqui, mas que me diz da coisa ter espaço para uma correção mais profunda que 95 reais. Pessoalmente, vendo tanto a oferta e demanda, daqui onde estamos ainda do alto de janeiro, ou seja, cinco meses até maio, não consigo enxergar uma razão para uma queda de tal magnitude para a safra. Ah, sim, tem a ver com o ciclo pecuário também. Afinal de contas 2011 ainda não é um ano da fase de baixa do ciclo, a meu ver.
Semana que vem a gente volta a esse assunto em mais detalhes, mas falando em ciclo pecuário, deixe-me colocar o gráfico do ciclo pecuário aqui para enxergarmos melhor a situação.
Estamos passando pelo segundo ciclo pecuário desde o início do plano real. O ciclo anterior foi de 1996 a 2006 e foi um ciclo certinho porque tivemos as fases de alta, equilíbrio e baixa. A baixa terminou em 2006, exatamente quando começou o ciclo pecuário atual. Acredito que não estamos mais na fase de alta do ciclo e estamos caminhando pela fase de equilíbrio, o que não deixa de ser uma coisa boa,
pois o preço da arroba, perante a inflação e os custos de produção ainda se encontra em boas condições para remunerar quem produz boi gordo.
Seguindo em frente, vamos colocar o gráfico do bezerro. O gráfico está a seguir.
Se você reparar, o bezerro fez seu pico em 2008 e não agora, como o boi. Não dá para tirar o mérito do pequeno animal, entretanto. Ele está tentando romper o pico de 2008 por essas semanas, meio que no vácuo da alta do boi, mas quando a gente olha assim para o gráfico com um prazo mais longo a impressão que temos é de um mercado que está cansado. Ele teve um trabalho danado, gastou uma energia descomunal para trazer essa média de longo prazo para perto dele e agora está tendo dificuldades em subir mais.
Anteriormente quando a média subiu dessa forma (a média é essa linha vermelha) o bezerro teve que “descansar” pelos três anos seguidos. Será que teremos algo parecido daqui para frente? Se depender da retenção de fêmeas que ocorreu esses anos passados e atualmente o nítido aumento na oferta de bezerros, pode ser que sim.
Por último, temos aqui a taxa de reposição.
O que dizer aqui? Estamos mais ou menos no meio da oscilação dessa taxa. Depois de alguns anos em extrema baixa, ao redor 1,90 bezerro/boi em 2008 e 2009 tivemos uma explosão que levou a coisa até ao redor de 2,70 em 2010. Não é recorde, como você pode ver no gráfico, mas foi um ótimo valor.
Depois de um recorde, é natural esperar uma queda. É onde estamos agora. E para frente? Bom, no ciclo pecuário anterior a taxa oscilou nessa mesma fase entre 2,20 e 2,70. Acredito que podemos esperar algo parecido para frente.
Por essa semana é isso, um passeio
light pelo mercado.