Scot Consultoria
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Apanhando frutos maduros

por Rogério Goulart
Quarta-feira, 1 de junho de 2011 -11h05
Terminei a semana passada dizendo o seguinte na conclusão: “Entre 97-98 reais existe um importante piso técnico nos gráficos, que poderá dar trabalho para os frigoríficos.” Disse isso daí, mas acabou que não mostrei o gráfico que comprova tal coisa. Olha ele aqui.



Qual a razão deste gráfico? O que ele significa? Bom, normalmente, usando o simples bom senso sabemos dizer quanto a arroba está subindo e quando ela está caindo. É só olhar diretamente para os números, certo? Nada demais nisso.

Mas se eu quisesse perguntar: ela subiu o suficiente? Ela caiu demais? Aí não conseguiria dizer. Subir de 97 para 100 reais é uma alta, mas é uma boa alta? Não, porque ela subiu até 117 reais no ano passado. Cair de 117 para 105 reais foi uma queda forte no ano passado. Foi sim. Mas foi o suficiente? Não. A arroba teve que cair de 117 ladeira abaixo até 100 reais (na seta à esquerda do gráfico) para que pudéssemos dizer que a queda foi forte. Como sei que ela foi forte? Porque, dentro do estudo acima, os preços caíram para –5% desse indexador.

Entendeu o que esse indexador faz? O indexador não é o preço do boi. É outra coisa. Ele nos quantifica o movimento dos preços. Ele diz se a alta foi forte ou fraca, se a queda foi forte ou fraca. Como qualquer indexador, ele só funciona nos extremos. Pega muito bem os picos e os fundos. É o caso que está ocorrendo agora nos preços. Parece que ele está pegando um fundo.

Agora, qual a razão de -5%? Porque não -6%, -8% ou -3%? Você pode me perguntar. Simples. É baseado na história do movimento da arroba. Ao redor de –5% a arroba, tendeu a fazer um piso. Ou seja, ao redor disso, a arroba parou de cair.

Na segunda-feira e na terça-feira a arroba rompeu abaixo de -5%. Apenas dois dias. No passado, a maioria das vezes em que isso ocorreu a arroba fez o seu piso.

Nesta semana esses dois dias abaixo de -5% foram suficientes. O indicador de lá para cá já subiu 1 real.

Bom, esse é o que tenho para dizer sobre os preços do boi essa semana.

Repetindo, ao redor de 97-98 no indicador Esalq/BVMF existe um piso difícil de ser rompido pelos frigoríficos. O indicador nestes valores equivale a uma arroba ao redor de 95-96 reais à vista e livre de imposto.

Hoje, segundo a Scot Consultoria na seção “Movimentação do Mercado” abaixo, a arroba vale em SP R$97, nas mesmas condições.

Seguindo em frente, além desta parte dos preços da arroba temos a questão da taxa de reposição. Ela caiu forte nestas últimas semanas saindo de 2,20 para 2,10 bezerros/boi, porém está com muita dificuldade de romper para baixo esses 2,10, o que pode significar um desenvolvimento altista se ela voltar a subir. Hoje a reposição subiu um pouco e está ao redor de 2,13 bezerros/boi.



Também tem isso - a reposição veio abaixo das máximas do ano passado para tocar novamente na média móvel de longo prazo (linha vermelha no gráfico). Esta média móvel está altista, subindo suavemente nestes meses. A reposição veio abaixo lá dos picos para “testar” a média e parou por aí. Vamos ver se irá novamente retomar a alta, como a média, que está altista, sugere.

Vamos para o último gráfico da semana.

Além da arroba do boi estar tecnicamente em um piso, a taxa de reposição também estar passando no que parecer ser um piso, tem o movimento de alta da arroba do bezerro. Observe o gráfico seguinte.

Já comentei sobre isto antes. Comento novamente agora porque esse canal continua ativo. Enquanto o bezerro não romper para baixo definitivamente essa tendência, isso daí é um suporte altista para os preços da pecuária. Repito, porque isso é crucial.

Enquanto a estrutura da ponta de entrada da pecuária (bezerro) continuar em alta, a ponta de saída (boi gordo) também estará muito pressionada para cima.



Isto pode ter conseqüências nessa entressafra? Acredito que sim.

Repare no tom do que foi exposto aqui. Três gráficos representando o aspecto amplo da pecuária. A interpretação dos três está indicando uma diminuição no cenário, pressionado para baixo e aumentando a probabilidade de um cenário mais construtivo para frente.

O que fazer? Bom, a melhor explicação para isto foi o que disse um amigo meu neste final de semana. “Essa chacoalhada na árvore que os frigoríficos deram derrubaram a maioria dos frutos que já estavam maduros e prontinhos para cair.”

Moral da história? Depois que você chacoalha forte e os frutos maduros caem... Chacoalhar ainda mais forte não vai derrubar mais nada.

Bom, vamos ver onde vai dar essa história...

Outra coisa, caro leitor. Já está disponível a “Carta Pecuária de Longo Prazo” no site da Scot Consultoria.

Entre lá e confira o que disse mais profundamente sobre esse cenário da pecuária para os próximos meses.