Resultados do Censo de 2010 começam a ser divulgados pelo IBGE. Entre os inúmeros indicadores vale destacar aqueles que tratam da distribuição de renda no Brasil.
As estatísticas apontam para fortalecimento da classe C brasileira, contudo a realidade é que apesar da melhora, a distribuição de renda no Brasil está longe da ideal.
Por exemplo: o rendimento médio per capita (por pessoa). O Censo aponta que metade da população brasileira tem rendimento mensal de até R$375,00, ou seja, recebem menos do que o salário mínimo que na época era de R$510,00.
A defasagem fica mais evidente em municípios com até 50 mil habitantes. O rendimento médio per capita em municípios de porte médio (até 500 mil habitantes) é o dobro se comparado a esses municípios.
O país continua com desigualdades regionais, sendo que os estados do Sul e Sudeste detém a maior fatia da renda. Brasileiros que vivem nos estados do Norte e Nordeste têm renda 50% inferior àqueles que vivem nas regiões Sul e Sudeste.
Há outros dados, mas já é possível concluir que desconcentrar renda vai além do discurso.
Somos sabedores que o crescimento econômico é uma pré-condição para melhorar indicadores sociais, entre eles a distribuição de renda, mas também somos sabedores que ações concretas devem ser trabalhadas para que isso efetivamente ocorra.
O nível de desemprego deve ser mantido em níveis baixos, e mesmo com inúmeros projetos sociais em curso, entre eles o bolsa família, são necessárias compensações tributárias para efetivamente atacar o problema, como por exemplo, tributar as grandes fortunas, desonerar a produção e o consumo, além da eficácia na política de transferência de renda.
Os municípios têm tido pouca participação na estratégia geral de eliminação das desigualdades e todos os atores envolvidos devem exercer plenamente seus papéis.
Além desses aspectos há um desafio adicional: garantir que aqueles que tiveram ascensão para classe C possam permanecer e até melhorar seu padrão de vida. Com a crise nos Estados Unidos e na Europa não será tarefa fácil.
É hora de um projeto de Estado e não de governo para efetivamente mudarmos este estado de coisas.
Ações neste sentido agora podem solucionar problemas no futuro, mas é preciso trabalhar para que isso ocorra.