Taxa de Reposição
Olhando para a taxa de reposição no gráfico abaixo temos a correta dimensão do estrago que ocorreu na pecuária essas taxas tão baixas desde 2008 para cá. Observe o gráfico.
O ciclo pecuário atual começou em 2006. Nada mais natural que analisarmos a coisa toda desde lá. Adiciona perspectiva. Repare a coisa desandando a partir de 2008.
Estas duas linhas - uma em 2,40 e outra em 2,15 — são as fronteiras da reposição. Acima de 2,40 bezerros/boi, você ganhou uma estrelinha na bochecha por ter feito uma ótima reposição. Abaixo de 2,15, levou uma advertência para mostrar para os pais. Entre 2,15 e 2,40, está na média.
Sabe qual é a média disso aí desde 2008 para cá? 2,12 bezerros/boi. É mole? Fazem quatro anos que estamos levando advertência. Estou cansado de levar advertência para casa!
De qualquer forma, a coisa melhorou muito do ano passado para cá. Ficamos na média.
Em 2012 estamos novamente rondando a advertência. O mercado do jeito aqui em janeiro coloca a reposição ao redor de 2,20 bezerros/boi. Estamos na média, mas na parte baixa dela. O suficiente apenas para passar de ano, na trave... Se é que você me entende.
Desculpe-me se tenho batido na tecla de dizer que a pecuária está desequilibrada quando a gente olha uma reposição dessas, mas é a grande verdade. Você pode ter dois tipos de perspectivas para o futuro, caro leitor.
Pode achar que a coisa vai melhorar, contando com a regressão à média. Ou pode achar que vai ficar assim, ou até piorar, nos anos vindouros. Argumentos para os dois lados existem.
Para o lado da alta o mais poderoso deles é a regressão à média. Anos de desequilíbrios para baixo geram anos de desequilíbrios para cima, somente para ajustar a média. Essa noção cai como uma luva para o comportamento da taxa de reposição na última década, porém o passado é o passado.
Podemos também dizer em um aumento de consumo, tanto interno como o externo, pegando no contrapé da oferta como argumento altista? Sim, podemos.
Pelo outro lado, o suposto retorno do abate de fêmeas pode ser usado como um balde de água fria nessas pretensões de ajuste na taxa? Alguns argumentam que sim. Outros usam a disseminação dos confinamentos como argumento de redução da sazonalidade do boi (coisa que discordo de todo o meu coração), como uma forma de se martelar para baixo as pretensões de alta.
Outros usam até mesmo a suposta concentração dos frigoríficos, todos eles sabidinhos e cheio de analistas com várias planilhas de Excel trabalhando mais ou menos com as mesmas informações que a gente trabalha, para usar isso em favor de melhor compra de gado como argumento de se segurar preços.
Não sei quais argumentos vão sobressair. Tenho a tendência de respeitar muito a regressão à média, o que me levaria a ir para o primeiro campo... Porém, posso estar subestimando as mesas de compra de gado, o que me levaria para o segundo campo.
De qualquer forma, fica aí a informação - a taxa de reposição está baixa ultimamente.
Chuvas
Não é novidade para ninguém que essas chuvinhas recentes somente apagaram a poeira do problema. Nas regiões que produzem gado via pasto, e especialmente o Mato Grosso do Sul, as condições de pastagens ainda são muito abaixo do que deveriam estar para essa época do ano. Observe o MS na próxima figura.
Isso gera algumas preocupações sobre a oferta de gado. O que dá para sentir foi uma oferta de gado escorrido ultimamente. Esse gado era para estar gordo, rachando, caro leitor. Veja como o clima atrasou a produção. Vamos ver como isso trará consequências na oferta de bois daqui para frente.
No mais, mercado morno. Início de ano é assim, todo mundo fica meio pisando em ovos e esperando qual será a cara do ano. Com quem converso, a sensação é de preocupação pendendo para pessimismo. Tanto no físico, que é mais dissimulado, pois você tem que pegar a opinião do sujeito, quanto no mercado futuro, que é escancarado através dos preços negociados.
Nada a ver com isso, mas no mercado futuro, especialmente, tem ocorrido bastantes negócios de opções (seguro) para a safra. Sugiro você contatar o seu corretor.