Indiretamente ou diretamente o milho é a base da alimentação de milhões de pessoas. O cereal é utilizado não somente como alimento humano propriamente dito, mas também como forragem, matéria-prima para produtos industrializados e é a base de dietas de frangos e suínos.
Devido a sua importância, o milho sofreu sucessivas modificações e melhoramentos com a finalidade de selecionar e multiplicar características que atendam a interesses específicos ou se adequem a partes do mundo.
O desenvolvimento de cultivares com maior quantidade de proteína, resistência a pragas ou adaptados a regiões não produtoras do grão são exemplos de melhoramentos ocorridos nas últimas décadas.
Tais características são atingidas através de diversas técnicas, sendo o a produção de grãos híbridos e transgênicos os mais utilizados.
Os avanços e riscos do milho transgênico
Para entendermos melhor o que é um milho transgênico, convido o leitor a uma rápida revisão das aulas de biologia.
Depois da descoberta do DNA no século passado como o código genético e universal da vida, os geneticistas começaram a adicionar específicas características através de técnicas de transferência de genes. Com isso, uma espécie passa a expressar as características desejadas.
Atualmente, a maior parte dos trabalhos com milho transgênicos está relacionada ao controle de insetos e tolerância aos herbicidas.
A transgenia deve ser entendida como uma aliada aos programas convencionais de melhoramento, pois possibilita um ganho de eficiência, entretanto, sem modificar os demais genes da planta que receberá o novo material genético.
Em 2007 a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) e o Conselho Nacional de Biossegurança ( CNBS), aprovaram e referendaram o uso comercial de milho geneticamente a partir da safra 2008/2009.
O caso mais comum é a utilização do gene da bactéria Bacillus thuringiensis (Bt), encontrada nos solo de algumas regiões do Brasil, para aumentar a resistência do milho ao ataque de insetos lepidópteros (lagarta-do-cartucho, lagarta-da-espiga, broca-da-cana, lagarta elasmo e a lagarta rosca).
A bactéria produz uma toxina letal a esses insetos, e com a transferência do gene responsável pela produção da substância (Bt), o milho, chamado de Mon 810 e Bt 11, passa a produzi-la, diminuindo a necessidade do uso de agrotóxico.
Este “inseticida biológico” é tóxico somente a insetos pragas, e não há riscos comprovados de contaminação de mamíferos e aves.
Entretanto, apesar de não haver casos comprovados de contaminação, a eficiência do milho Bt foi questionada em 2011 nos Estados Unidos.
O país, que utiliza milho transgênico desde 1995, foi surpreendido com o aumento do ataque de lagartas. A infestação correu em propriedades que utilizavam o milho Bt ha vários anos.
Esses acontecimentos geraram dúvidas sobre a resistência dos insetos ao milho geneticamente modificado. Outra questão levantada foi o reforço da necessidade das áreas de isolamento exigidas no Brasil.
No Brasil, a Resolução Normativa Número 4 da CTNBio, estabelece distâncias mínimas obrigatórias para a coexistência entre a lavoura transgênica e a convencional. As lavouras devem estar separadas a uma distância igual ou maior que 100 metros. Outra opção é separar as duas lavouras a uma distância de 20 metros, porém o agricultor é obrigado cultivar 10 linhas de bordadura com milho não transgênico de porte e ciclo vegetativo similar ao milho transgênico.
O objetivo é dar manter os produtos diferenciados.
No Brasil, as plantações de milho transgênico têm aumentado e o país é o segundo produtor mundial, atrás dos Estados Unidos.
As plantações dos transgênicos ocupam aproximadamente dois terços da área destinada ao cultivo de milho na safra 2011/2012. Aumento de aproximadamente 20% em relação à safra anterior.
Mas, milho transgênico não é milho hibrido.
Nos Estados Unidos, a seleção de plantas de milho tendo por fim o melhoramento genético ocorre desde 1905 e desde então, tem se difundido mundo afora.
Atualmente o Brasil é o país que mais investe no desenvolvimento de cultivares de milho híbrido tropical. A maioria das pesquisas tem como objetivo aumentar o teor de proteína e consequentemente, seu valor nutricional.
Os trabalhos de melhoramento com milho híbrido no Brasil tiveram início em 1932, sendo o segundo país a adotar o milho híbrido.
Ao contrário do milho transgênico, o híbrido não tem genes de outras espécies implantadas. Ele é produzido através do cruzamento de duas linhagens puras, que dão origem ao milho híbrido. O grão somente apresenta as características (maior produção de proteína, por exemplo) na primeira geração.
O milho híbrido pode ser comparado com o cruzamento da égua com o jumento. O resultado deste cruzamento é um híbrido muito resistente, a mula ou o burro. O híbrido combina características dos genitores, porém não se reproduz. Este milho, como qualquer outro híbrido, não é estéril, mas sua reprodução não é recomendada por gerar um produto inferior.
As pesquisas de novos híbridos têm sido realizadas no Brasil principalmente por universidades e órgão públicos. Hoje, é possível encontrar híbridos mais resistentes à seca, milhos anões de alta produtividade, milhos com maior teor de óleo, carotenos e xantofilas, milhos resistentes às pragas dos grãos armazenados, plantas de maior digestibilidade para uso como silagem para o gado, etc.