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Palma oleaginosa já é realidade no Amapá e pode crescer muito nos próximos anos

por Rogério Lopes Banin
Segunda-feira, 23 de janeiro de 2012 -11h04
O cultivo da Palma oleaginosa é uma opção de investimento na região norte. Sabe-se que o Pará é o maior produtor de óleo de palma e que o Amapá, por suas características climáticas semelhantes, já começa a obter uma produção expressiva. As áreas plantadas de palma se espalham por quatro municípios: Ferreira Gomes, Tartarugalzinho, Amapá e uma parte de Porto Grande, somando duzentos mil hectares. O setor industrial está sendo desenhado e ficará em Santana.
Esforços do governo são feitos visando atrair novas multinacionais para formação de outros pólos industriais, mas estas precisam de área mínima com 30 mil ha e com logística, para assim, estudar possibilidades. Tal viabilidade não se aplica às plantações descritas acima nem tão pouco aos investimentos na logística interna das fazendas.

Seguindo premissa que as terras no Amapá são as com preços mais baixos do Brasil e, que as questões fundiárias se resolvem lentamente, torna-se convidativo investir numa cultura cuja expectativa de produção é de até 30 anos.

Para embasamento na produção da Elaeis guineensis (Palmeira do dendê) os princípios de manejo e de mercado desta cultura no Estado do Amapá, são:

A palma é um cultivo perene. Depois de semeada a produção de frutos é a partir de três anos, e sua vida econômica é de 20 a 30 anos. Cada hectare de palma pode render até cinco toneladas de óleo, ou seja, 10 a 12 cachos de frutos, cada um pesando entre 20 a 30 quilos e cada cacho produzindo de mil a 3 mil frutos. Isto representa de 5 a 10 vezes mais que qualquer outro cultivo comercial de óleo vegetal. Os cachos de frutos maduros são colhidos em intervalos de 7 a 10 dias ao longo da vida econômica da palma.

Segundo especialistas da Embrapa, enquanto o teor de óleo contido na soja pode chegar a 20%, na palma pode atingir 22%. Porém, a grande diferença está no rendimento por área: enquanto um hectare de soja, com produtividade média de três toneladas de grãos, produz 500 quilos de óleo, a palma rende até seis toneladas de óleo, em 15 a 20 toneladas de cachos da oleaginosa.

Alguns incentivos do governo federal priorizam cultivos em áreas degradadas na Amazônia Legal (Acre, Amazonas, Amapá, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia e Roraima) e as áreas utilizadas para cana-de-açúcar do Nordeste. Um exemplo é a Companhia de Palma do Amapá Ltda. (COPALMA), cultiva dendê em uma área de 4 mil ha, em solo de cerrado, e dispõe de estrutura própria de beneficiamento e comercialização.

Atualmente, os cultivos não estão sendo explorados comercialmente. Houve, ainda, estímulo a pequenos produtores, iniciativa que não logrou êxito, principalmente por falta de infraestrutura básica.

O investimento para se iniciar a lavoura serão os da aquisição de áreas, preparo do solo e os tratos culturais do primeiro ao terceiro ano. Já para a colheita, os investimentos serão em equipamentos, tratores, caçambas e caminhões roll on roll off. Este último, no caso do tipo de contrato onde a fazenda fornece o dendê na usina. As caçambas podem ser alocadas às margens das estradas e abastecidas por caçambas menores, de tratores pequenos, que entram nas entrelinhas ou mesmo carro de boi conforme a fotografia 1.



Foto 1. Dendê colhido e armazenado em caçamba roll on roll off, antes de ser colocado no caminhão e ser transportado até usina. Fonte: Biopalma.

A companhia norte-americana de agronegócios Archer Daniels Midland (ADM) investe na produção sustentável de palma, no Brasil, e tem extensas áreas de produção no Pará.

Em 2010, a Vale anunciou a aquisição do grupo paraense Biopalma. A empresa tem estimativa de produzir 500 mil toneladas de óleo por ano em 2019 e, esta produção, será usada para fabricação de biodiesel e consequente abastecimento de sua frota de locomotivas, máquinas e equipamentos de grande porte, em uma mistura de 20% de biodiesel e 80% de diesel comum. São 40 mil hectares próprios plantados e outros 10 mil de pequenos e médios produtores, ligados à empresa.

O mercado de terras esta aquecido no Amapá, mesmo com os entraves fundiários, mas os investidores em óleo de dendê devem saber que o Estado está na Linha do Equador, o quê favorece o plantio de palma (palmeira de dendê) que se adapta muito bem em locais onde há uma variação de temperatura entre 10º graus da linha imaginária. A geografia também colabora, pois as multinacionais que virão montar seus pólos industriais no Brasil querem chegar a Europa e aos Estados Unidos. Assim o Amapá pode ser o trampolim para entrada nesses mercados.

As informações descritas traduzem o bom momento para investimentos na cultura, tanto para os proprietários de terra amapaenses, quanto para interessados em prospectar diversificações no mercado agrícola, adquirindo áreas no Estado e investindo na palmácea.