Colaborou
Fábio Luiz Martins da Silva, graduando em zootecnia.
A identificação de animais é a primeira etapa para implantação de sistema de rastreabilidade, mas não se deve confundir o fato de identificar o animal com o sistema de rastreamento em si. Um sistema de rastreamento é aquele que permite o acompanhamento do bovino desde o nascimento até o consumidor final.
No Brasil existem diferentes formas de identificação, sendo a marcação a ferro quente a mais utilizada, porém a sua utilização causa danos ao couro, o que diminui a área utilizável, e também apresenta problemas para a leitura devido a distorções nas marcações. O método de tatuagem também é utilizado, porém também apresenta problemas de leitura, tornando a identificação pouco visível. Os brincos são uma importante forma de identificação e também muito utilizado, apresentando o inconveniente de um índice de perda que varia entre 15% e 20%.
Devido a esses inconvenientes a identificação eletrônica (IE) aparece como alternativa. A tecnologia utilizada na IE é a RFID, abreviação da expressão em inglês de “Identificação por Rádio Frequência”, um método automático de identificação que utiliza
transponders eletrônicos, sendo os principais tipos o brinco auricular com
botton, bolus intra-ruminal e o implante de
chip subcutâneo.
O brinco auricular com
transponders (ou
tags ou bottons) permite a identificação eletrônica do animal, mas com o mesmo inconveniente dos brincos sem o transponder. O implante subcutâneo ou
microchips injetáveis são dispositivos que permitem a identificação eletrônica de cada animal. Apresentam a dificuldade de se localizar o
transponder já que este pode migrar para outras posições do corpo, dificultando a recuperação após o abate, além disso, por estar na camada subcutânea o aparelho pode se quebrar com golpes externos.
O
bolus intra-ruminal é o que apresenta menos inconvenientes, pois o artefato, que é de cerâmica, é engolido pelo animal alocando-se no retículo, proporcionando perdas insignificantes e com recuperação fácil após o abate.
No entanto, o fator predominante na escolha do tipo de identificação eletrônica é o custo. Em levantamento realizado pela Scot Consultoria são apresentados na tabela 1.
Verificou-se que o
microchip de aplicação subcutânea é o de maior custo, 50% mais que o bolus intra-ruminal e 65% mais que o brinco eletrônico. Aliado aos inconvenientes apresentados, é um método caro e, aparentemente, de baixa eficiência.
Por outro lado, o
bolus intra-ruminal apresenta um custo mediano, 31% mais que o brinco eletrônico e 50% menor que o do
microchip. Avaliando-se o custo beneficio apresentado pelo
bolus intra-ruminal pode-se dizer que é um tipo de identificação eficaz para o controle do rebanho bovino e importante etapa para implantação de um sistema de rastreamento.
Para implantação de um método de identificação eletrônica é necessário considerar também o custo com as leitoras dos
transponders. Existem diversos modelos, com mais ou menos funções (GPS e
Bluetooth, por exemplo) e capacidade de armazenamento de dados. O preço médio das leitoras, segundo o levantamento da Scot Consultoria foi de R$1,8 mil.
Existe ainda o custo da antena, a responsável por captar o sinal do
transponder e transmitir a leitura que identificará a numeração do dispositivo eletrônico implantado no animal. Normalmente são vendidos os conjuntos antena e leitora, cujo preço médio é de R$6,0 mil. Porém, é possível encontrar os aparelhos separadamente, neste caso a antena teria um custo médio de R$368,00.
Todo esse aparato para identificação do animal gera um banco de dados que, conectado a um computador pode ser “descarregado” através de um
software básico, permitindo a identificação e controle do rebanho. Entretanto, existem empresas que oferecem
softwares mais elaborados que permitem ir além do controle do rebanho, possibilitando buscar no banco de dados informações como datas das pesagens, vacinações e outras. Nesse caso os preços são individualizados, e conforme a assistência oferecida, como o treinamento, por exemplo, podem chegar ao valor de R$9,0 mil.