A chegada dos trilhos da Ferronorte até Itiquira, a 325 quilômetros de Cuiabá, está promovendo o desenvolvimento econômico da região, principalmente no agronegócio. O maior impacto para o setor é na redução do custo do frete. Em geral, o transporte ferroviário é 25% a 30% mais econômico que do que o rodoviário. O terminal, que tem capacidade de embarque de 1,2 mil toneladas por hora e funciona desde abril em caráter experimental, já está gerando benefícios para os mais de 300 produtores da região.
Na ponta do lápis, a agricultora Maria Anita Zambone conta que está ganhando pelo menos R$2 por saca de soja utilizando o sistema ferroviário para escoar a produção, ao invés de investir no frete rodoviário. "Antes, para fazer com que o produto chegasse até Rondonópolis tínhamos uma rentabilidade de R 54/saca. Na semana passada chegamos a comerciar a saca a R$56. A economia do frete reflete em lucro para o produtor", frisou.
Além disso, ela pontua que já observou crescimento em outros setores da economia. O prefeito do município Ernani Sander afirma que já foram criados cerca de 1,5 mil empregos e foram emitidos 195 alvarás de funcionamento para pequenas e médias empresas. "Com a ferrovia a transformação da cidade e região é notória". Segundo ele, empresas de insumos agrícolas já estão viabilizando a implantação no município. Sander pontua que além da agropecuária, a cidade tem potencial turístico. "O que está faltando é mais recurso para continuar com os investimentos".
Em solenidade durante inauguração oficial do terminal, no sábado (2), o governador de Mato Grosso, Silval Barbosa, ressaltou que a captação de recursos é um desafio para os gestores. "Quanto mais o estado cresce mais recursos precisamos para promover outras melhorias, como na saúde e educação".
Na ocasião, o ministro de Transportes Paulo Sérgio Passos reiterou o compromisso do Governo Federal em manter os investimentos para Mato Grosso. "Iniciamos agora os estudos para a construção da ferrovia que ligue Cuiabá a Lucas do Rio Verde, num trecho de mil quilômetros", contou.
De acordo com ele, além do sistema ferroviário há melhorias nas rodovias do estado. "Temos a BR-163 na região de Rondonópolis que está sento duplicada, a BR-158 onde está ocorrendo o recapeamento asfáltico e ainda tem a pavimentação na BR-242".
Para o senador mato-grossense Blairo Maggi, além da liberação de mais recursos, o governo federal precisa estudar uma melhor forma para disponibilizar a verba para o estado. "Estamos em uma região muito grande, com alto potencial produtivo, mas com uma população pequena se comparada de outras regiões. Isso atrapalha a disponibilização dos recursos, que é condizente com o tamanho populacional".
O terminal de Itiquira, que recebeu investimentos na ordem de R$50 milhões, tem capacidade estática de 100 mil toneladas. Somam aproximadamente 6 quilômetros de extensão em uma área de quase 70 hectares. "A unidade conecta a ferrovia á rodovia MT-229, direcionando o escoamento da produção para o Porto de Santos, em São Paulo", afirma o presidente da Seara, empresa responsável pelo terminal, Santo Zanin.
O trecho Itiquira até Alto Araguaia integra o chamado projeto Expansão ALL Malha Norte, que prevê o alongamento da ferrovia até Rondonópolis, numa extensão de 148 quilômetros. A previsão é que o terminal de Rondonópolis seja inaugurado no início do próximo ano. Ao todo, foram investidos R$700 milhões nesse projeto. Agora em Mato Grosso, somam três terminais ferroviários. Além de Itiquira, as demais unidades estão localizadas nos municípios de Alto Araguaia e Alto Taquari, em um percurso de 212 quilômetros de trilhos.
Fonte: G1 MT. Por Vívian Lessa. 2 de junho de 2012.