O desafio de construir políticas climáticas efetivas num cenário de crise econômica mundial é o tema da 3ª edição do Fórum Internacional de Estudos Estratégicos para Desenvolvimento Agropecuário e Respeito ao Clima - FEED 2012, promovido pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). O evento, que acontecerá em São Paulo, no dia 17 de setembro, debaterá ações e políticas públicas para difundir e estimular a agricultura de baixo carbono no Brasil e minimizar os riscos dos impactos das mudanças climáticas. O encontro será aberto pela presidente da CNA, senadora Kátia Abreu, autoridades convidadas e especialistas do País e do exterior.
Durante a realização da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável - Rio+20, a senadora Kátia Abreu alertou para o desafio da política climática sustentável. "Infelizmente, a questão da crise é uma realidade. Os países desenvolvidos estão com áreas desmatadas e emitem quantidades de gases significantes, o que contribui para o aquecimento global por causa das indústrias", afirma a presidente da CNA.
Para ela, a falta de recursos para financiar a economia verde pode prejudicar a oferta global de alimentos e comprometer a competitividade do agronegócio brasileiro. Avalia, no entanto, que o uso de tecnologias e práticas de baixo carbono, como o plantio direto e a integração lavoura-pecuária-floresta, proporcionarão as necessárias condições para o aumento de produtividade das atividades rurais sem a necessidade de abrir novas áreas, além de conservar a qualidade da água, solo e biodiversidade.
Estes temas serão discutidos durante o FEED 2012 e integram a sua programação. Um dos principais painéis abordará o tema "Os impactos da crise econômica nos acordos climáticos: como fomentar políticas que gerem benefícios efetivos", com palestra do presidente do Instituto de Pesquisa Grantham de mudanças climáticas e meio ambiente da Escola de Economia de Londres, Nicholas Stern.
"Estou ansioso para compartilhar meus pensamentos sobre os riscos imensos da mudança climática sem gerenciamento. No entanto, não devo focar tanto sobre esses riscos, que são claros e bem estabelecidos, mas sobre as atrações de uma alternativa de baixo carbono. É a história de crescimento do futuro, particularmente para os mercados emergentes e países em desenvolvimento, mas também para o mundo como um todo. Na linguagem da Rio+20, podemos e devemos combinar sustentabilidade econômica, social e ambiental", afirma Stern.
O outro painel terá como tema "O crescimento verde: estratégia dos países emergentes" e será conduzido pelo especialista em direito internacional, Thomas C. Heller, professor da Escola de Leis da Universidade de Stanford, na Califórnia (EUA), e uma das autoridades mais influentes em política ambiental, vencedor do Prêmio Nobel da Paz em 2007.
"O Brasil tem feito progressos desde os anos 1970 no crescimento da economia rural, que é muito importante, por meio do aumento da produtividade (rendimento) das terras. Mas o mundo de 2012 não é o mesmo de 1970. Em apenas poucas décadas, as suposições sobre onde se encontram poder político e econômico parecem ter virado de cabeça para baixo. A segurança alimentar e a escassez de recurso tornaram-se alvos centrais dos governos e dos mercados para se adaptarem a mudar a imagem de onde e como o crescimento global ocorre em uma economia transformadora", disse Thomas C.Heller.
Também estão previstos três painéis setoriais: "O futuro das políticas climáticas no setor agrícola"; "Da mitigação para a adaptação: desafios para reduzir impactos das mudanças do clima na agricultura brasileira"; e "O futuro do mercado de carbono". Em cada um desses painéis, que ocorrerão simultaneamente, serão discutidos três temas.
No primeiro painel setorial, serão abordados os temas "Carbon Farming Initiative: o enfoque australiano em relação à agricultura e mudanças climáticas"; "O setor agrícola no sistema de comércio de emissões da Nova Zelândia"; e "O Plano ABC e o futuro do setor agrícola nas políticas climáticas brasileiras", a cargo de Carlos Klink, secretário de Mudanças Climáticas e Qualidade Ambiental do Ministério do Meio Ambiente (MMA).
No segundo painel, o pesquisador da Embrapa, Eduardo Delgado Assad, falará sobre "como fomentar ações de adaptação: do Plano ABC ao futuro da agricultura brasileira"; Mauricio Antônio Lopes, diretor executivo de Pesquisa & Desenvolvimento da Embrapa, levará o tema "Gargalos da pesquisa para enfrentar os impactos das mudanças climáticas"; e Ricardo Dell Aquila Mussa, diretor executivo da Radar Propriedades Agrícolas S.A., conduzirá a palestra sobre "Riscos climáticos e a tomada de decisões na gestão propriedade".
No terceiro painel setorial, Carlos Henrique Delpupo, diretor da WayCarbon, falará sobre os "Cenários para o mercado de carbono com base na plataforma de Durban"; Aloísio Lopes Pereira de Melo, coordenador geral da Secretaria de Política Econômica do Ministério da Fazenda, abordará o tema "É factível pensar num mercado de carbono brasileiro até 2020?"; Matt Walsh, pesquisador da empresa Carbon Care, da Nova Zelândia, especializada no mercado de créditos de carbono abordará o tema "Práticas agrícolas e créditos de carbono: construindo um mercado ligado a uso da terra".
Poderão participar do evento, acadêmicos, formadores de opinião, formuladores de políticas públicas, lideranças setoriais, parlamentares, pesquisadores, produtores rurais e demais interessados no assunto. As inscrições são gratuitas e poderão ser feitas até o dia 1º de setembro. Em breve, as inscrições poderão ser feitas pelo site oficial do evento.
Fonte: Canal do produtor. Pela Redação. 19 de julho de 2012.