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Encontro da Pecuária Leiteira da Scot Consultoria entrevista o palestrante Mateus Paranhos

por Equipe Scot Consultoria
Terça-feira, 31 de julho de 2012 -09h25

Nos dias 21 e 22 de agosto de 2012 acontecerá o Encontro da Pecuária Leiteira da Scot Consultoria, em Ribeirão Preto-SP.


Mais informações em www.scotconsultoria.com.br/encontrodeleite


Um dos palestrantes será o zootecnista Mateus Paranhos, doutor em psicobiologia pela Universidade de São Paulo. É professor assistente da UNESP, pesquisador-visitante na Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO, sigla em inglês) e membro de Comitê Consultivo em Educação e Bem-Estar Animal da Comissão Europeia.


Sua palestra abordará o bem-estar e o manejo racional de bovinos de leite.


Para saber um pouco sobre o que será abordado na apresentação do Mateus, leia a entrevista que ele concedeu à Pamela Alves, analista da Scot Consultoria.


 


Entrevista Mateus Paranhos


Scot Consultoria: Quais os primeiros passos a serem tomados por uma propriedade que deseja implementar um programa de Bem Estar Animal (BEA)?


Mateus Paranhos: Primeiramente toda a equipe da fazenda (inclusive o proprietário e gerentes) deve estar comprometida com a implementação do programa de BEA e ter a noção clara do que esta medida representa em termos de mudanças de atitude, ou seja, o animal deve ser considerado como um ser capaz de sentir e que merece respeito.


O passo seguinte é realizar um amplo diagnóstico das condições das instalações e do manejo para identificar eventuais problemas e, a partir disso, definir quais os problemas que devem ser prioritariamente tratados, buscar as soluções para estes e implantar as soluções, definindo novas rotinas de trabalho ou adequando as instalações. 



Scot Consultoria
: Quais os procedimentos mínimos para se garantir o bem estar animal na produção leiteira?


Mateus Paranhos: Há muitos aspectos a serem considerados, mas prioritariamente devemos focar atenção na redução de atos agressivos durante o manejo, atenção especial à questão sanitária e de conforto térmico e adequação de programas nutricionais que atendam às exigências dos animais sem excederem a capacidade do animal em realizar os processos digestivos e metabólicos. Além disso, deve-se ter especial atenção com as bezerras, geralmente negligenciadas.  



Scot Consultoria: Um dos problemas encontrados em grandes propriedades é a distância dos piquetes à sala de ordenha. Desta forma, qual a melhor alternativa para diminuir esse estresse?


Mateus Paranhos: Bem, geralmente isto é produto da falta de planejamento na construção das instalações e piquetes. Para minimizar o problema deve-se ter muito cuidado com os caminhos por onde as vacas irão passar todos os dias, realizar a condução com calma, manter vacas com problemas de saúde em piquetes mais próximos e evitar a movimentação nas horas mais quentes do dia. Estas são soluções paliativas, o ideal é que a vaca não tenha que caminhar longas distâncias.



Scot Consultoria
: Existem estudos correlacionando o bem estar com a elevação da produtividade das vacas leiteiras? Se a resposta for positiva, existe a extensão desses resultados aos produtores, como forma de incentivo à utilização destas técnicas?


Mateus Paranhos: Sim, existem vários estudos que tratam da relação do bem-estar das vacas e a produção de leite. Dentre eles, destacam-se os estudos sobre manejo que mostram que a redução na agressividade durante os períodos de preparação para a ordenha e a ordenha resulta em menor quantidade de leite residual e melhor qualidade do leite. Atualmente, nosso grupo de pesquisas vem desenvolvendo manuais de boas práticas de manejo, visando que estes resultados cheguem aos produtores de forma a melhorar o bem-estar das vacas e, consequentemente, a produção leiteira. 



Scot Consultoria
: Quanto representa e de que forma são as perdas advindas da falta de bem estar na pecuária de leite? Quais os pontos mais importantes com relação ao ambiente que o pecuarista precisa ficar atento?


Mateus Paranhos: Não há medidas suficientemente abrangentes que permitam quantificar todas as perdas que ocorrem em função dos problemas de bem-estar animal. Entretanto, há muitos estudos focando no estresse por calor, por exemplo, mostrando perdas na quantidade e qualidade do leite produzido, bem como queda na eficiência reprodutiva das vacas. As perdas podem ser muito grandes, sendo que condições extremas de estresse podem, inclusive, levar a vaca à morte.