Enquanto a Índia se empenha na busca da autossuficiência alimentar e continua entre os principais exportadores de milho, necessidades rápidas de crescimento, juntamente com graves restrições de abastecimento, provavelmente forçarão mudanças nos próximos anos.
A partir da década de 60, o governo indiano, com objetivo de combater a fome no país, incentivou a adoção da Revolução Verde, que acontecia em outros países, e se caracterizou pela modernização das atividades agrícolas por meio da introdução de técnicas avançadas de manejo do solo e cultivo de grãos, como o desenvolvimento de novas variedades, sementes mais produtivas, uso intensivo de fertilizantes e defensivos, o que, em parte, reflete no expressivo volume de milho exportado pelo país.
A Índia é, possivelmente, a nação com maior diversidade do mundo, em línguas e religião.
Dentro do território indiano encontram-se mais de 400 idiomas e dialetos e inúmeras religiões, tais como o islamismo, sikh, catolicismo e budismo. Porém 80% da população ainda seguem os princípios hinduístas.
Dentro dos próximos 20 anos, a Índia será o país mais populoso do mundo. Possui atualmente um crescimento econômico dinâmico, de mudanças rápidas no consumo e de novas oportunidades no horizonte.
Segundo dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, sigla em inglês) houve queda na taxa de crescimento da população indiana, que na década de 1980 era de 2,2% ao ano e chegou a 1,6% entre 2001-2010. Projeta-se que, entre 2011 e 2020, esta seja de 1,2%. A Índia deve ultrapassar a China como o país mais populoso do mundo nesta década. Cerca de 70,0% de sua população vive na área rural e destes, 58,0% depende principalmente da agricultura para a renda e emprego. A taxa de crescimento da população urbana é de 2,0% ao ano.
Embora a Índia seja de maioria hindu, o país conta com 250 milhões de pessoas que consomem carne, bem como mais de um bilhão de consumidores de leite. A classe média tem crescido rapidamente.
O segmento que mais cresce na Índia é a classe média, que possui cerca de 160 milhões de pessoas. São consumidores que exercem grande impacto sobre o rápido crescimento e a diversificação da demanda por alimentos. Aproximadamente 47% da renda é dedicada à alimentação, sendo esta parcela da população, assim como a população de baixa renda, sensível à mudança de preços.
Enquanto a nação continua empenhada em autossuficiência alimentar, a inflação alimentar crônica, em torno de 9-10% ao ano, é um lembrete constante dos pesados impostos aos consumidores. Além disso, a Índia já está em estresse hídrico e até 2020, este será mais severo, limitando o potencial para a expansão agrícola, especialmente no cinturão agrícola do país.
O desempenho econômico indiano tem sido consistente em duas principais prioridades: a política de geração de emprego e estabilidade de preços. Após um período prolongado de estabilidade geral dos preços reais dos alimentos, anteriores à década de 1970, a partir de 2008, a inflação dos preços dos alimentos surgiu como uma ameaça ao crescimento sustentável e ao bem-estar do consumidor.
A Índia extrai mais água subterrânea do que qualquer outro país do mundo, e em média, 90% desta é utilizada na agricultura, devido às condições climáticas da região. O uso insustentável da água subterrânea pode reduzir as colheitas agrícolas futuras e causar implicações desastrosas para os preços globais dos alimentos.
O desafio na Índia é olhar uma década à frente. O aumento da renda, expectativas crescentes e demanda crescente de alimentos estão em rota de colisão com as limitações da oferta e da inflação de alimentos. A segurança alimentar através do comércio é uma solução atraente e a necessidade é um persuasor poderoso. Não existem garantias, mas a Índia é uma nação em movimento, e é claramente um mercado a se acompanhar.
Desde o início de 1990, a Índia é umas das economias que mais crescem no mundo, reflexo das reformas econômicas pelas quais o país passou.
Com PIB nominal de US$1,9 trilhão e crescimento de 7,1% em 2011, a Índia destacou-se como a 10ª economia do mundo, aumentando sua influência global e fazendo com que as atenções começassem a se voltar para esse país ate então esquecido.
Fonte: US Grains Council. 8 de agosto de 2012.
Traduzido, adaptado e comentado por Pamela Alves, zootecnista e consultora da Scot Consultoria. Colaborou Marcela Morelli, analista júnior da Scot Consultoria.