Vários fatores interferem no comportamento dos preços pecuários. Existe um de longo prazo, que é o ciclo pecuário, regido, principalmente, pelo descarte (durante a fase de baixa) e pela retenção (durante a fase de alta) de matrizes. Mas é preciso analisar também o comportamento do consumo doméstico, das exportações, do câmbio, da demanda por proteínas concorrentes, a ocorrência de problemas sanitários, etc.
Hoje vale chamar a atenção para os investimentos das indústrias frigoríficas, notadamente as exportadoras. Elas estão ampliando significativamente a capacidade de abate, o que gera aumento da demanda por matéria-prima, ou seja, por animais terminados. E isso é fator de alta.
Não foi realizado nenhum levantamento do aumento da capacidade de abate de bovinos no Brasil ao longo dos últimos anos. Mas de acordo com a Associação das Indústrias Exportadoras de Carne Bovina (ABIEC), os frigoríficos exportadores já investiram no Brasil o equivalente (aproximado) a R$3 bilhões no final da década de 90, chegando a quase R$10 bilhões em 2006. A expectativa é chegar a R$14 bilhões até 2012.
Vamos a um exemplo simples. Os frigoríficos Friboi e Bertin anunciaram a construção de plantas no Mato Grosso para abate de 6 mil e 3 mil cabeças bovinas ao dia, respectivamente. No total, seriam 9 mil cabeças ao dia, mas vamos supor que o número está exagerado. Fiquemos com um total de 6 mil.
Considerando-se 290 dias úteis de abate, os dois frigoríficos, juntos, demandariam 1,74 milhões de cabeças bovinas por ano. Com base numa taxa média de desfrute de 25%, seria preciso um rebanho de quase 7 milhões de cabeças para atender a necessidade das novas indústrias.
Essas 7 milhões de cabeças representam, hoje, mais de 25% do rebanho do Estado, que é o maior do Brasil!!
É muito gado. (FTR)