Apesar da reação observada em janeiro, o ainda baixo patamar das cotações internacionais do algodão deverá abrir espaço para uma considerável diminuição da produção no Hemisfério Norte na próxima safra (2013/14), confirmou análise divulgada na semana passada pela Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa).
A entidade destacou que, depois de atravessarem o segundo semestre de 2012 deprimidos e com poucas variações expressivas, os preços ganharam fôlego no mês passado com a boa demanda pela pluma colhida nos EUA. Essa demanda aquecida, principalmente por parte de países como Indonésia, Vietnã, México e Turquia, voltou a atrair o interesse dos fundos especulativos, o que tornou as valorizações mais agudas mesmo com a redução das aquisições chinesas.
Na bolsa de Nova York, os contratos da commodity para março (primeira posição de entrega) subiram 10% em janeiro e encerraram o mês a 89,96 centavos de dólar por libra-peso. Muito acima do piso e do teto registrados no segundo semestre de 2012, 69,10 e 77,86 centavos de dólar, respectivamente, mas ainda a anos-luz da máxima histórica de 4 de maio de 2011 (US$2,15 por libra-peso).
Mas o espaço para que uma tendência de alta expressiva nos próximos meses se consolide é pequeno, uma vez que a China, que, conforme a Abrapa, deverá responder por 33% das importações e 36% do consumo globais nesta safra 2012/13, carrega gordos estoques e vem comprando volumes menores. Apesar do peso que mantêm no mercado, as importações chinesas deverão recuar 51% em toda a safra 2012/13, segundo estimativa do Comitê Consultivo Internacional do Algodão (Icac) realçada pela entidade brasileira.
Assim, a atual projeção do Icac para a produção mundial da pluma na safra 2013/14 aponta para 23,07 milhões de toneladas, 11% menos que em 2012/13 (25,98 milhões) e volume quase 16% menor que o do ciclo 2011/12, quando o plantio foi estimulado pelos preços internacionais recordes.
Na China, destaca a Abrapa, a queda da produção em 2013/14 deverá alcançar também 11% - o consumo de algodão cru tende a recuar no país asiático na temporada -, enquanto nos Estados Unidos poderá chegar a 25%.
Nesse contexto, os estoques globais seguirão confortáveis. O volume final em 2012/13 deverá atingir 16,48 milhões de toneladas, 17% menos que em 2011/12 e volume 71% inferior ao de 2010/11. Daí o exíguo espaço para uma recuperação expressiva das cotações.
Fonte: Valor econômico. Por Fernando Lopes. 25 de fevereiro de 2013.